sexta-feira, 28 de março de 2014

Ladainha



Dizem que vai faltar açúcar,
todo mundo corre a procurar o doce.

Dizem que vai faltar o óleo,
todo mundo corre a procurar a fritura.

Dizem que vai faltar o trigo,        
todo mundo corre a procurar a broa.

Dizem que vai faltar o fubá,
todo mundo corre a procurar o angu.

Dizem que vai faltar o ferro,
todo mundo corre a procurar a treliça.

Dizem que vai faltar o cimento,
todo mundo corre a procurar o concreto.

Dizem que vai faltar a água,
todo mundo corre a procurar o balde.

Dizem que vai faltar o sarilho,
todo mundo corre a procurar o poço.

Dizem que vai faltar o vinagre,
todo mundo corre a procurar o vinho.

Dizem que vai faltar o vinho,
todo mundo corre a procurar o copo.

Dizem que vai faltar a luz,
todo mundo corre a procurar a vela.

Dizem que vai faltar a carne,
todo mundo corre a procurar o bife.

Dizem que vai faltar o orégano,
todo mundo corre a procurar a pizza.

Dizem que vai faltar a galinha,
todo mundo corre a procurar a canja.

Dizem que vai faltar o peixe,
todo mundo corre a procurar a moqueca.

Dizem que vai faltar a paz,
todo mundo corre a procurar as armas.

Dizem que vai faltar o samba,
todo mundo corre a procurar o pandeiro.

Dizem que vai faltar o sol,
todo mundo corre a procurar a praia.

Dizem que vai faltar a chuva,
todo mundo corre a procurar o chuveiro.

Dizem que vai faltar o dinheiro,
todo mundo corre a procurar o banco.

Dizem que vai faltar o cometa,
todo mundo corre a procurar a luneta.

Dizem que vai faltar o horóscopo,
todo mundo corre a procurar a cartomante.

Dizem que vai faltar estrelas,
todo mundo corre a procurar o firmamento.

Dizem que vai faltar eleições,
todo mundo corre a procurar candidatos.

Dizem que vai faltar governo,
todo mundo corre a procurar revoluções.

Dizem que vai faltar a liberdade,
todo mundo corre a procurar prisões.

Dizem que vai faltar navios,
todo mundo corre a procurar o porto.

Dizem que vai faltar os fatos,
todo mundo corre a procurar boatos.

Agora: quando dizem que vai faltar vergonha,
ninguém se toca.
Está todo mundo acostumado.

Texto de Lourenço Diaféria



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