A mulher não fora ainda criada.
A versão (bem absurda) é que Júpiter a fez e enviou-a a Prometeu e seu irmão, para
puni-los pela ousadia de furtar o fogo do céu, e ao homem, por tê-lo aceito. A
primeira mulher chamava-se Pandora. Foi feita no céu, e cada um dos deuses
contribuiu com alguma coisa para aperfeiçoá-la. Vênus deu-lhe a beleza, Mercúrio
a persuasão, Apolo
a música, etc. Assim dotada, a mulher foi mandada à terra e oferecida a
Epimeteu, que de boa vontade a aceitou, embora advertido pelo irmão para ter
cuidado com Júpiter e seus presentes. Epimeteu tinha em sua casa uma caixa, na
qual guardava certos artigos malignos, de que não se utilizara, ao preparar o
homem para sua nova morada. Pandora foi tomada por intensa curiosidade de saber
o que continha aquela caixa, e, certo dia, destampou-a para olhar. Assim,
escapou e se espalhou por toda a parte uma multidão de pragas que atingiram o
desgraçado homem, tais como a gota, o reumatismo e a cólica para o corpo, e a
inveja, o despeito e a vingança para o espírito. Pandora apressou-se em colocar
a tampa na caixa, mas, infelizmente, escapara todo o conteúdo da mesma, com
exceção de uma única coisa, que ficara no fundo, e que era a esperança.
Assim, sejam quais forem os
males que nos ameacem, a esperança não nos deixa inteiramente; e, enquanto a
tivermos nenhum mal nos torna inteiramente desgraçados.
Uma outra versão é de que
Pandora foi mandada por Júpiter com boa intenção, a fim de agradar ao homem. O
rei dos deuses entregou-lhe, como presente de casamento, uma caixa, em que cada
deus colocara um bem. Pandora abriu a caixa, inadvertidamente, todos os bens
escaparam, exceto a esperança. Essa versão é, sem dúvida, mais aceitável que a
primeira. Realmente, como poderia a esperança, joia tão preciosa, ter sido
misturada a toda a sorte de males, como na primeira versão?
(Do site O mundo dos filósofos)
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