domingo, 20 de abril de 2014

A Cavalgada

Raimundo Correia

Este, talvez, seja um dos sonetos mais “sonoros” da literatura Brasileira. A cavalgada vem ao longe com palavras silenciosas; à medida que se aproxima do poeta-narrador, as palavras ficam cada vez mais vibrantes e sonoras até voltar, com o passar da cavalga, novamente ao silêncio do começo.


A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...

E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta,
A lua a estrada solitária banha...

(Do livro “Sinfonias”)


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