Raimundo
Correia
Este, talvez, seja um dos sonetos
mais “sonoros” da literatura Brasileira. A cavalgada vem ao longe com palavras
silenciosas; à medida que se aproxima do poeta-narrador, as palavras ficam cada
vez mais vibrantes e sonoras até voltar, com o passar da cavalga, novamente ao
silêncio do começo.
A lua banha a solitária
estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e
brando,
O som longínquo vem-se
aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da
caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm
cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se,
estremece...
Da cavalgada o estrépito que
aumenta
Perde-se após no centro da
montanha...
E o silêncio outra vez soturno
desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta,
A lua a estrada solitária
banha...
(Do livro “Sinfonias”)
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