Quando era cônsul em Vigo
(Espanha), no século XIX, o escritor Aluízio Azevedo recebeu um pedido de selos
do filatelista brasileiro Dr. Rodrigo Octávio, então ministro do Supremo
Tribunal Federal, tendo Aluízio Azevedo, respondido com os seguintes versos:
“Pedistes selos?... pois selos
Tereis os que apetecerdes,
Encarnados, amarelos
Azuis e roxos, e verdes;
(Mandar prefiro os antigos,
De velhos, cansados povos,
Pois os selos, como amigos,
Mais valem velhos que novos.)
Tê-lo-eis com vários bustos;
Tê-lo-eis de vários anos,
De imperadores vetustos
E chefes republicanos;
Restos de moços e velhos,
Que humildes povos incensam,
E de importantes fedelhos,
Que já reinam e ainda não pensam;
De Colombo e sua roda,
De Santo Antônio e do Papa
Pois, depois que o selo é moda,
Já ninguém ao selo escapa.
Tê-lo-eis grandes, pequenos
A fartar postos à escolha,
Uns melhores, outros menos,
Uns velhos, outros em folha.
Tê-lo-eis dos mais legítimos
Desde o tempo de Henriques,
Em réis, centavos e cêntimos,
Em Shillings e em peniques.
Tê-lo-eis de vários gostos
Firmados em línguas várias
Mostrando diversos rostos
De personagens lendárias.
De rainhas primitivas,
Que a nós só constam de história,
E d´outras que estão bem vivas,
Como a Rainha Vitória;
Apenas, receio, amigo,
Que, à força de mandar selos,
Fique eu doido, e vós comigo
A força de recebê-los!”
Aluízio Azevedo,
Vigo, 14 de junho de 1896.
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