sábado, 12 de abril de 2014

Aporely presta exames



Apparício Torelly, o posteriormente famoso Barão de Itararé título autoconcedido em homenagem à maior batalha da Revolução de 30, que acabou não acontecendo - cursou durante anos a Faculdade de Medicina. Como não estudava, repetiu o ano várias vezes, não conseguindo concluir o curso.


Nas provas orais, diante de professores cansados de propor  questões  de  cuja resposta  Aporely, geralmente,  sequer  desconfiava, aconteceram  pequenas maravilhas. O catedrático, farto, puxou um osso de dentro da gaveta e apontou-o para Aporely:
- O senhor sabe o que é isto?- Não senhor.- Então deixe que lhe apresente: é um fêmur.
Aporely levantou-se e, segurando solenemente o osso pela outra ponta:
- Muito prazer.


A outro mestre, cansado, que fazia última pergunta, bem fácil, para vê-lo acertar pelo menos uma:
- Seu Torelly, quantos rins nós temos?
- Quatro, professor.- Quatro?!- Sim. Os seus mais os meus.


Durante um exame, a questão versava sobre os produtos naturais em que o carvão estava presente – desde o "carbono  natural"  ao "negro animal"; o inquiridor, brincando, fez um trocadilho, ao flexionar significativamente as palavras:
- Me dá um exemplo de carvão, bruto!
Aporely respondeu a pergunta corretamente, mas também não deixou de sugerir a pausa vocativa:
- Negro, animal!


Em outra oportunidade, a sala estava repleta, com várias  bancas  examinando simultaneamente. Entrou um servente e  perguntou aos professores se desejavam alguma coisa.  O que questionava Aporely  disse,  em  alto  e bom som, gozando o aluno que nada sabia:
- Traga um fardo de alfafa.
O  bedel  já  ia  saindo,  sua  mão girando o trinco da porta, quando Aporely levantou o indicador e gritou:
- ...E, para mim, um cafezinho.

(Do livro “O Anedotário da Rua da Praia”, 
de Renato Maciel de Sá Jr.)


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