segunda-feira, 21 de abril de 2014

Coisas do Ary Barroso



Bancos da praia

Melhor que alcovas, onde, egoisticamente, o amor se oculta. Bancos da praia - feira de gestos lúbricos ou mercado de atitudes loucas! Bancos da praia - tribuna de beijos e exposição de esfregações! Bancos da praia - paraíso dos amantes, sepultura da polícia!

Banhos de mar

Comecei com eles. Armo a barraca rubro-negra (Linda!) ali no Posto Zero, ao lado do Mariozinho de Oliveira. Companheiros: ele, o comandante Niemeyer (Nini) e o Játobá. O Mariozinho tem um apito. Duas sopradas - gelo, três, - gim tônica, quatro - alguns frios gelados. Quem traz é o seu empregado que fica no último andar de um arranha-céu. De meio dia as cinco, despachamos ali mesmo. Às vezes aparece o Catramby (quando não está gripado).

Aviso importante

Quando estou matando o tempo num bar, só vou ao piano quando quero. Não estou ali para divertir ninguém. De forma que, por favor, não insistam para que eu toque. É horrível!

Embevecimento

 Resido quase no cocuruto de uma colina, ali no Leme. Não raro, quando chego em casa, por volta da madrugada, ainda consigo ouvir a cantoria mística de um culto afro-brasileiro que há lá mais pra cima do morro. Então, fico escutando aquilo, embevecido, durante muito tempo. Depois vou dormir como um santo...

Os dez maiores sambas na opinião de Ary Barroso:

Þ Gosto que me enrosco - de Sinhô
Þ Amélia - de Ataulfo Alves e Mário Lago
Þ Feitiço da Vila - de Noel Rosa e Vadico
Þ Favela - de Heckel Tavares e Joracy Camargo
Þ Iaiá de Ioiô - de Luiz Peixoto e Henrique Vogeler
Þ Nervos de Aço - de Lupicínio Rodrigues
Þ Agora é Cinza - de Bidê e Marçal
Þ Se você jurar --de Nilton Bastos, Ismael Silva e Chico Alves
Þ A fonte secou - de Monsueto
Þ Deixa esta mulher chorar - de Brancura

Sobre o boato de sua morte

Sobre o boato de sua morte: ..."Deixem-me viver. O inverno vem perto. A neve já está caindo. Senaclítica, Sabebelzia, tiu, tiu!"

O fim

Sérgio Cabral conta no livro "No tempo de Ari Barroso" que: "... Nos seus últimos dias Ary telefona do hospital para o amigo David Nasser:
- Estou me despedindo. Vou morrer.
- Como é que você sabe, Ary?
- Estão tocando as minhas músicas no rádio.


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