(O Vampiro de
Curitiba)
Dalton
Jérson Trevisan (nasceu dia 14 de junho de 1925, Curitiba, Brasil); é um
escritor brasileiro. Ele não dá entrevistas, não se deixa fotografar, não vai a
feiras literárias. Mantém-se misterioso e enigmático como muitos de seus
personagens.
Algumas frases de Dalton Trevisan
A
cigarra anuncia o incêndio de uma rosa vermelhíssima.
No muro
o caracol se derrete nos rabiscos da assinatura prateada.
O
que não me contam, eu escuto atrás das portas. O que não sei, adivinho e, com
sorte, você adivinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecendo.
Não me acho pessoa difícil,
tanto assim que esbarro diariamente comigo em todas as esquinas de Curitiba.
O amor é
como uma corruíra no jardim − de repente ela canta e muda toda a paisagem.
Aos
quarenta anos você pede menos que Diógenes, nem reclama da sombra de Alexandre
na soleira do tonel.
Ele
manda e desmanda no vento. Ralha com a chuva. Castiga o raio. Silencia o protesto do
trovão. Só pela velha não é obedecido.
O
vaga-lume risca um fósforo outro mais outro sem acertar a chave na porta.
Cinquenta
metros quadrados de verde por pessoa de que te servem se uma em duas vale por
três chatos?
Corta
essa cara. De que serve fazer bem uma gaiola se nenhum passarinho quer entrar?
Espiou-a
encher o copo no filtro, sorver a metade e deixar o resto.
Ai de
Sansão, fosse bom amante, não o trocaria Dalila por um filisteu qualquer.
O velho
na agonia, no último gemido para a filha:
Chorando
baixinho, o velho disca todas as combinações possíveis. Mas não acerta o número
da própria casa.
A
velhinha meio cega, trêmula e desdentada:
Quem lhe
dera o estilo do suicida no último bilhete.
Em
agonia, roncando e gemendo, afasta a boca medonha da velha:
‒ Só me beije depois de morto.
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