sábado, 19 de abril de 2014

Do arquivo morto



Importante bilhete que meu tio me deixou, antes de morrer,
esclarecendo um caso que esteve envolvido como testemunha.

Sou obrigado a relatar o que aconteceu, com objetividade e sem grandes preocupações literárias, visto que este é o último papel que me resta e, além disso, a fita da máquina está demasiadamente gasta e temo que para o final da história muitas letras estejam imperceptíveis, podendo resultar, para quem lê, numa interpretação incorreta dos fatos, prejudicando não só as pessoas que, de uma maneira ou de outra, estiveram envolvidas num caso repugnante e altamente escandaloso e cujos nomes mencionarei sem dúvida alguma assim que for chegado o momento. O terrível incidente em questão, além de macular o nome de duas grandes famílias, distorce a imagem do país no estrangeiro e envergonha a raça humana. A necessidade de contar tudo de maneira correta é aumentada agora pelo fato de minha sobrinha ter fechado os meus óculos à chave, e o natural cansaço dos meus olhos faz com que az litras danzem, o que poderá ter como consequência as palivras ficarem com latras traçadas, e qualquer truca de um nome poderá não só ilobar o cukpado como incrumynar om onicente.

Retas difer que suo o ínico pestemunha que koja msmoseghirei pêra o canyte poque n’o qiero omu nme ecolvido nets escavdio. Vou cojtra tudo com onetidade e onetidade polque o ppel está acabando: Ama Res desmofaba do cavalo, para beber aqgaú, seu pymt netysui e seus jetys priugdi, estavam escoj dioheh nsty nety, e seguidamente difama memsm covrdemente, atacaram pelas costradas terba sdnet asdiru dijah osd.

Psiinnd b bsuiftzz ççsm hdh oi crime çah no foi.

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(Texto de Raul Solnado, humorista português)

1929 - 2009)




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