domingo, 20 de abril de 2014

Dois sonetos sendo um avesso ao outro.*

O DIREITO

A vida ao tempo rende o fraco e forte,
Do fado universal a prende o lanço;
Que estado achará triste? qual remanso?
Subida mais, a glória abate a morte.
Devida e justa lei de humana sorte;
Cansado busca em vão o homem descanso.
Irado o Céu o oprime manso;
Erguida a espada vai azando o corte.
Em pena muda a morte o gosto à vida;
A morte tudo abala e desordena.
Ao gosto a morte pois enfreia o passo.
Pena mortal à culpa foi devida;
Sorte alegre porém, alegre pena.
Posto na morte está a vida o passo!

O AVESSO

O forte e o fraco rende ao tempo a vida;
O lanço a prende universal do fado.
Remanso qual (triste) achará? que estado?
A morte abate a glória mais subida.
Sorte de humana lei justa e devida,
Descanso o homem, em vão busca cansado.
Manso e manso o oprime o Céu irado;
O corte azando vai a espada erguida.
A vida o gosto a morte muda em pena;
Desordena e abala tudo a morte.
O passo pois enfreia a morte ao gosto.
Devida à culpa mortal pena;
Pena alegre porém, alegre sorte;
O passo à vida está na morte posto!


Nenhum comentário:

Postar um comentário