terça-feira, 8 de abril de 2014

Elegância insultuosa ou o Palavrão alternativo



Presença de espírito e sutileza transformam injúrias cabeludas
 em tiradas memoráveis.

  Fisiológico:

Você é um esteatopígico. – Cidadão que tem a bunda grande.

Você está muito graveolento. – Fedorento.

Você é um ozostômico. – Pessoa com mau hálito.

Linguagem:

Você é um enxacoco. – Não fala bem uma língua estrangeira, inserindo palavras do próprio idioma numa frase em outra língua.

Ele escreve bem, apesar de ser um epígono. – Autor de obra sem inovações, que dilui ou copias outros autores.

Não aguento mais esse vaníloquo. – Que fala pelos cotovelos e não diz nada.

Desvios de caráter:

Ele é um tremendo ancípite. – Que tem duas caras, falso, inconstante.

Há muitos políticos ímprobos. – Que não é probo. Desonesto.

Para mim, você não passa de um janicéfalo. – Pessoa de duas caras, pouco confiável.

Na política há muito sicofanta. – Delator, difamador.

Todo milionário é um somítico. – Avarento, sovina.

Ele, no fundo no fundo, é um valdevino. – oportunista que vive à custa dos outros.

Incompetência:

Ele não faz nada certo, é um ababelado. – Quem nunca termina o que começa, como os construtores da Torre de Babel.

Não devia dizer, mas você é um acárpico. – Pessoa incapaz de gerar frutos e produzir.

Por ser jovem, ele ainda é um catecúmeno. - Funcionário recente e despreparado para as armadilhas do ambiente d trabalho.

Burrice:

Pelo que ele faz, para mim ele um acrânio. – Sem cérebro.

Essa loura é uma apedeuta. – ignorante.

No fundo, todo eleitor é um patego. – Pessoa simplória, simples.

Aquele professor é um saberete. – sabe-tudo, pretensioso.

Na internet há muitos urumbebas. – Otários.

Equilíbrio mental:

Acusam o nosso presidente de ser um abléptico. – Que perdeu a visão das coisas, desequilibrado.

Há muitos jovens destraquês. – Amalucados.

Recebo muitos e-mails de pessoas presbiofrênicas. – caducas que inventam histórias sem fundamentos.

Pior é o internauta zuruó. – Biruta.

Chatice:

Como você é acatruzo. – Pentelho, chato, amolador.

Também pudera, é filho de um acataléptico. – Sujeito vacilante, burro.

E o irmão, então, não passava de um anopluro. – Piolho.

A irmã tinha pensamento anelídeo. – Da família das minhocas e sanguessugas.

Mas o avô, esse é era um cambrião. – Um chato em alto grau.

Vaidade:

Elegante, sim, mas não passa de um especioso. – Bonito por fora, feio por dentro.

Ela quer parecer simples, mas no fundo é uma jactanciosa. – Pessoa vaidosa.

Rompi com ela, pois percebi que ela era inane. – Pessoa frívola, vazia.

Puxa-saquismo:

Eu tinha um colega que era um grande janízaro. – Protetor dos tiranos, que morre defendo o chefe.

O ruim mesmo é o colega súcubo. – Dominado, subalterno lambe-botas, o que se deita sob o outro.

Mas o pior de todos é o colega tesserário. – Aquele que fica entre o chefe e os subalternos, leva-e-traz que não manda, não decide, mas faz o que mandam.

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Adaptado do artigo A injustiça do insulto
de Luiz Costa Pereira Júnior
para a Revista Língua Portuguesa, número 5





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