Sobre o Poeta
“Os
que conheceram Emílio de Menezes ainda estão a vê-lo, com aquela bigodeira a
Vercingectorix e aquele amplo chapéu, ora brandindo o bengalão retorcido, a
expedir raios sobre a iniquidade dos pigmeus que o irritavam; ora sufocado num
riso apopléctico de intenso gozo mental, rematando uma sátira com que, destro,
arrasava a empáfia dos potentados e a impertinência dos presunçosos; ora
bonacheirão, carinhoso, entalando uma fatia de pão-de-ló na boca de um de seus
fiéis cães de raça; ora ainda transfigurado, olímpico, dizendo, com inspiração
extraterrena, 'Os Três Olhares de Maria' ou o 'Ibiseus Mutabilis'. (...)”
Mendes Fradique, no Prefácio de
“Mortalha − Os deuses em ceroulas”.
“Mortalha − Os deuses em ceroulas”.
Casos do “Rei dos Trocadilhos”
Emílio
tornou-se bastante popular em todo o Brasil, atribuindo-se a ele grande número
de anedotas. Seus trocadilhos venceram a distância e o tempo, embora quase nada
tenha efetivamente sido registrado. Trazemos aqui, para a Wikipédia, alguns
destes episódios, dentre tantos outros, ilustrando melhor essa figura que se
definia como o “fruto efêmero e hostil de um efêmero gozo”...
1.
Contam que, estando num teatro, sentara-se a frente de três senhoras que,
estabanadas, falavam muito alto. E, àquele tempo, atriz era sinônimo corrente
para prostituta... Saiu-se então Emílio com este:
− Atriz
atroz, atrás há três!
2.
Andando pelas ruas do Rio de Janeiro da virada do século XX, eis que se depara
com um afamado conquistador, de nome “Penha”, fugindo através da janela duma
senhora casada. Emílio vaticinou:
− Um
homem que se diz Penha, por uma mulher que se disputa.
3.
Perguntam-lhe:
Emílio,
sabes qual a parte mais bonita do corpo da mulher?
− Sei-o!
4.
Chegando numa daquelas antigamente tão comuns vendas de “secos e molhados”, um
parlatão provoca-lhe, imediatamente tentando evadir-se, para não ouvir a
resposta:
− Que
vieste comprar? É milho
Mas
o poeta intercepta-o, pegando-lhe pelo braço:
− Não
se evada... sentei-o! Não intrigo... a ti um milho.
5. Contou certa feita o
humorista Jô Soares, num dos seus programas, que Emílio, apertado para aliviar
a bexiga, correu até um terreno baldio. Muito gordo, estava a desafogar-se
quando um pirralho grita:
− Ih, eu vi seu negócio!
Satisfeito, Emílio tirou do
bolso uma cédula de alguns réis, dando-lhe:
− Tome, você merece... tem
muitos anos que não o vejo...
6.
Em tempos de estudante, Emílio estava dispersivo numa aula de certo professor
de nome Saboya. Interpelando-o, o lente argui:
− Senhor Emílio, defina a
Sabedoria!
− A
sabedoria, mestre, é algo que dá efetivamente muito peso... se colocada sobre a
água, ela afunda.
− E a ignorância?
− A ignorância? Ora, essa
boia!
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