segunda-feira, 14 de abril de 2014

Emílio de Menezes



Sobre o Poeta

“Os que conheceram Emílio de Menezes ainda estão a vê-lo, com aquela bigodeira a Vercingectorix e aquele amplo chapéu, ora brandindo o bengalão retorcido, a expedir raios sobre a iniquidade dos pigmeus que o irritavam; ora sufocado num riso apopléctico de intenso gozo mental, rematando uma sátira com que, destro, arrasava a empáfia dos potentados e a impertinência dos presunçosos; ora bonacheirão, carinhoso, entalando uma fatia de pão-de-ló na boca de um de seus fiéis cães de raça; ora ainda transfigurado, olímpico, dizendo, com inspiração extraterrena, 'Os Três Olhares de Maria' ou o 'Ibiseus Mutabilis'. (...)”

Mendes Fradique, no Prefácio de
 “Mortalha − Os deuses em ceroulas”.

Casos do “Rei dos Trocadilhos”

Emílio tornou-se bastante popular em todo o Brasil, atribuindo-se a ele grande número de anedotas. Seus trocadilhos venceram a distância e o tempo, embora quase nada tenha efetivamente sido registrado. Trazemos aqui, para a Wikipédia, alguns destes episódios, dentre tantos outros, ilustrando melhor essa figura que se definia como o “fruto efêmero e hostil de um efêmero gozo”...

1. Contam que, estando num teatro, sentara-se a frente de três senhoras que, estabanadas, falavam muito alto. E, àquele tempo, atriz era sinônimo corrente para prostituta... Saiu-se então Emílio com este:

− Atriz atroz, atrás há três!

2. Andando pelas ruas do Rio de Janeiro da virada do século XX, eis que se depara com um afamado conquistador, de nome “Penha”, fugindo através da janela duma senhora casada. Emílio vaticinou:

− Um homem que se diz Penha, por uma mulher que se disputa.

3. Perguntam-lhe:

Emílio, sabes qual a parte mais bonita do corpo da mulher?

− Sei-o!

4. Chegando numa daquelas antigamente tão comuns vendas de “secos e molhados”, um parlatão provoca-lhe, imediatamente tentando evadir-se, para não ouvir a resposta:

− Que vieste comprar? É milho

Mas o poeta intercepta-o, pegando-lhe pelo braço:

Não se evada... sentei-o! Não intrigo... a ti um milho.

5. Contou certa feita o humorista Jô Soares, num dos seus programas, que Emílio, apertado para aliviar a bexiga, correu até um terreno baldio. Muito gordo, estava a desafogar-se quando um pirralho grita:

− Ih, eu vi seu negócio!

Satisfeito, Emílio tirou do bolso uma cédula de alguns réis, dando-lhe:

− Tome, você merece... tem muitos anos que não o vejo...

6. Em tempos de estudante, Emílio estava dispersivo numa aula de certo professor de nome Saboya. Interpelando-o, o lente argui:

− Senhor Emílio, defina a Sabedoria!

− A sabedoria, mestre, é algo que dá efetivamente muito peso... se colocada sobre a água, ela afunda.

− E a ignorância?

− A ignorância? Ora, essa boia!



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