O epigrama caracteriza-se pela sua
elaboração em versos, perdendo, porém, a carga sentimental e poética para
referir-se, de forma picante, a personagens preeminentes do cenário político,
social ou artístico de uma sociedade qualquer.
Exemplos:
“De
muitos “doutores” sei
Que
fundamente acatamos,
Aos
quais, se dizem: - “cheguei”
Retruca
a morte: - “chegamos.”
“Burro,
a cegueira da sorte
elevou-te
e, ao sol, espelhas
mas
guardas o mesmo porte
e
as mesmíssimas orelhas.”
“Se
espichas (vou ser-te franco)
os
teus cabelos, ó João,
tu
pretendes é ser branco,
ao
menos em, comissão...”
“Político
e sempre graúdo,
De
moço a quase senil,
Do
Brasil tem tido tudo!
Nada
tem dado ao Brasil...”
“Às
vezes a voz da fama
Tem
um quê de voz divina
Dá
forças de intensa chama
À
luz de uma lamparina...”
“Nesse
vestido apertado,
Teu
corpo, essa perfeição
Faz
do que não tem pecado
Pecador
de profissão...”
“Ah,
como falha o testemunho humano!
Uma
dizia que o criminoso usava blusão
E
tinha um bigodinho.
Outra
dizia que o criminoso usava blusinha
E
tinha um bigodão.”
§ § §
Roberto
Correia, autor dos epigramas citados, nasceu em Salvador, a 10 de maio de 1876.
Morreu em 24 de dezembro de 1937. Sua obra não foi apenas poética.
Escreveu
igualmente contos humorísticos e sentimentais.
Publicou
apenas um livro: “Epigramas”, editado em 1938.
Nenhum comentário:
Postar um comentário