terça-feira, 22 de abril de 2014

Epigramas

          O epigrama caracteriza-se pela sua elaboração em versos, perdendo, porém, a carga sentimental e poética para referir-se, de forma picante, a personagens preeminentes do cenário político, social ou artístico de uma sociedade qualquer.


Exemplos:



“De muitos “doutores” sei
Que fundamente acatamos,
Aos quais, se dizem: - “cheguei”
Retruca a morte: - “chegamos.”

“Burro, a cegueira da sorte
elevou-te e, ao sol, espelhas
mas guardas o mesmo porte
e as mesmíssimas orelhas.”

“Se espichas (vou ser-te franco)
os teus cabelos, ó João,
tu pretendes é ser branco,
ao menos em, comissão...”

“Político e sempre graúdo,
De moço a quase senil,
Do Brasil tem tido tudo!
Nada tem dado ao Brasil...”

“Às vezes a voz da fama
Tem um quê de voz divina
Dá forças de intensa chama
À luz de uma lamparina...”

“Nesse vestido apertado,
Teu corpo, essa perfeição
Faz do que não tem pecado
Pecador de profissão...”

“Ah, como falha o testemunho humano!
Uma dizia que o criminoso usava blusão
E tinha um bigodinho.
Outra dizia que o criminoso usava blusinha
E tinha um bigodão.”

§ § §



Roberto Correia, autor dos epigramas citados, nasceu em Salvador, a 10 de maio de 1876. 
Morreu em 24 de dezembro de 1937. Sua obra não foi apenas poética.
Escreveu igualmente contos humorísticos e sentimentais.

Publicou apenas um livro: “Epigramas”, editado em 1938.

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