“Um dia, Hamilton Chaves (Esses
moços, pobres moços), assessor de imprensa do Piratini, chegou no Equipe e
disse: “Queremos um hino”, lembra Pereio. “Na hora não tinha nenhum músico por
lá, peguei a Marselhesa, o hino da França, mudei um pouco o ritmo, e a
Lara de Lemos, poetisa que mora hoje em Nova Friburgo , no
Rio de Janeiro, pôs a letra”. Com seu vozeirão inconfundível, Pereio saiu
direto do Equipe para um estúdio na Rua da Praia e gravou três acetatos com o
hino. Depois da posse de Jango, a palavra legalidade foi trocada por lealdade,
mas os três acetatos originais foram queimados, segundo Pereio. “Não havia mais
interesse em lembrar a Legalidade, a Constituição já havia sido burlada.”
P.S. A campanha pela Legalidade
foi o último grande acontecimento histórico revolucionário feito no Brasil,
quando um governador civil (Leonel Brizola), o povo e o 3º Exército impediram um
golpe militar.
Hino da Legalidade
Avante brasileiros, de pé,
Unidos pela liberdade.
Marchemos todos juntos
Com a bandeira que prega a
lealdade.
Protesta contra os tiranos
Te recusa à traição
Que um povo só é bem grande
Se for livre sua Nação.
(Lara de Lemos –
Paulo César Pereio)
Notas: A primeira versão
sofreu duas mudanças: os gaúchos do original viraram brasileiros
– afinal, era preciso empossar o presidente do país, não de um estado apenas. E
a palavra legalidade foi trocada por lealdade.
O Hino da Legalidade foi gravado a
toque de caixa em acetato confiscados nas Lojas Mesbla, com um coral
improvisado pelo elenco do próprio Equipe.
A letra acima, que foi extraída de uma
gravação, possui mais duas versões, com pequenas alterações, conforme o livro
“1961 que as armas não falem”, de Paulo Markun e Duda Hamilton, e a publicação
Veja Rio Grande do Sul, de agosto de 1991.
No site do PDT, colocam também o nome
Demóstenes Gonsalez como mais um dos co-autores do Hino da legalidade.
No hino, o coral canta Se recusa à
traição, mas no verso anterior canta Protesta contra o tirano (tu),
portanto há um erro de concordância verbal.
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