Vendo-se obrigado a fazer uma longa
viagem por mar, a países desconhecidos, onde devia demorar-se algum tempo, um
moço confiou a um amigo o seu cachorro.
- Olha, Manfredo, disse o rapaz à despedida,
entrego-te o meu fiel Leão. É um animal dedicadíssimo como poucos, cheio de
abnegação e afeto. É feio e está velho, mas peço-te que trates dele com todo o
cuidado.
Manfredo era um estudante rico, que
vivia à farta. Trouxe Leão para casa e ao passo que o cachorro ia pouco a pouco
se lhe afeiçoando, ele aborrecia-o cada vez mais. O cão tinha saudades do seu
primeiro dono, e por isso vivia tristemente pelos cantos da casa. Comendo
pouco, emagrecia sempre, e tornava-se repugnante, cheio de lepra, com o pelo a
cair. Manfredo procurava desembaraçar-se dele. Levava-o para lugares distantes,
fora da cidade, e aí o abandonava; dava-o a pessoas da roça, mas Leão fugia e
voltava sempre para casa.
Desesperado com aquela insistência, o
estudante resolveu matar o cachorro. Uma tarde saiu de casa, chamando-o,
festejando-o. À beira da praia, tomou um bote e mandou remar pela baía em fora. Quando estava
longe de terra, em lugar mais profundo, agarrou de súbito o animal e
arremessou-o à água. Leão olhou-o tristemente, como querendo queixar-se de
tamanha ingratidão.
Manfredo voltou para terra, e saltou
alegremente. Chegando a casa, reparou que havia perdido a corrente do relógio,
de onde pendia uma medalha encerrando o retrato e os cabelos de sua mãe morta - única relíquia que dela possuía. O estudante, desesperado, maldisse de sua
sorte.
À noite, deitado, não podia dormir,
pensando na perda do precioso objeto, que não daria por dinheiro algum. De
repente ouviu bater, arranhar a porta. Abriu-a. Recuou espantado. Leão,
entrava, exausto, arfando, todo encharcado d´água. Parou no meio do quarto, e
deixou cair da boca a medalha de Manfredo.
(Figueiredo Pimentel: Histórias
da baratinha.
Rio de Janeiro, Livraria Garnier,
1994, p.194-195)
Galileu
Perguntaram, impertinentemente, a
Galileu para que servia a geometria.
- Serve para pesar, medir e contar – respondeu o
sábio com justa aspereza. – A geometria pesa os ignorantes, mede os tolos e
conta uns e outros.
O solteirão
Perguntaram a um celibatário por que
nunca havia se casado.
- É simples, respondeu. Prefiro passar a vida desejando
algo que nunca tive, a passá-lo com algo que nunca desejei.
Mártires do mundo
O devedor, mártir de credores.
O assassino, de remorsos.
O infeliz, de desgraças.
O cínico, de surpresas.
O cético, de descrenças.
O soldado, de deveres.
O justo, de respeito.
Meu tio bisavo, Americo Moreira era carioca assim como sua esposa Ema e nao tiveram filhos. Ele era irmao de minha bisavo' Ercilia Goncalves Moreira da Costa Franco. Era irmao tambem de tia Heloisa Goncalves Moreira Buarque de Hollanda , mae de Sergio Buarque de Holanda e avo de Chico Buarque meu primo Meu e-mail e' luizimedeiros@uol.com.br
ResponderExcluirAmigo Luiz Inácio, você deve estar se referindo ao poema "Brinde de Honra", de Américo Moreira, no texto do almanaque intitulado "Pequena História de um Poema".
ExcluirGostaria de saber mais sobre a vida desse poeta bissexto, que fez um dos mais recitados poemas no Rio Grande do Sul.