quinta-feira, 17 de abril de 2014

Histórias (engraçadas) de Esmeraldas


Pidão

Everaldo parou num sinal. Logo chegou um pivete ao lado da janela do carro.
- Tio, me dá cinco real.
- Tenho cinco reais não, menino.
- Então me dá um real.
- Não tenho.
- Me dá uma moeda.
- Tenho moeda não.
E o garoto olhando o painel do carro:
- Deixa eu dar uma buzinada?

Testemunha ocular

Bafafá na zona de Luz. Uma puta foi esfaqueada. Diante do juiz, uma testemunha do ocorrido. O freguês acusado, de cabeça baixa, já estava calmo e de ressaca.
- A testemunha viu que o réu esfaqueou a prostituta?
- Vi, sim senhor. Ele enfiou a faca na quenga pelada.
- E a facada foi na refrega?
- Acho que foi entre o umbigo e a refrega da puta, seu juiz.

Acreditando na galera

Hélcio jogava no time do Campolina. Atuando na ponta direita, o lateral mandou-lhe a bola num passe de longa distância. Hélcio Canhão percebeu que seria impossível alcançá-la, mas, incentivado pela torcida, deu um pique sobre-humano e correu em direção à bola que cairia bem na pequena área do time adversário.
- Vai, Canhão, vai Canhão... – berrava os torcedores.
Hélcio dava tudo de si pra alcançar a bola. O goleiro saiu do gol chegando na bola antes do atacante do Campolina. Hélcio, que vinha a toda com gritos de “Vai, Canhão, vai Canhão”, chegou tarde e, ainda no pique, tropeçou e arrebentou o rosto contra o pau da baliza.
Sangrando, virou-se para a galera mostrando o rosto todo machucado:
- Olha aí o “vai, Canhão” docês!...

Faz sentido

Chico Clarião fez uma compra na venda de Pascoal e deu um cheque do Banco do Brasil. O cheque foi devolvido. Pascoal foi cobrar de Chico.
- Chico, levei seu cheque no banco e o banco disse que não tinha dinheiro.
Resposta de Chico.
- Ora, Pascoal, se o Banco do Brasil que é aquela potência, não tem dinheiro, eu é que vou ter?

O viúvo

O velho Geraldo Papa sofreu muito quando sua mulher morreu. No velório, ele ficou ao lado do caixão, acariciando a região pubiana da esposa e dizendo, choroso:
- Eu vou sentir muita falta dessa moita... Ô moita que já me deu prazer...

Namoricos

Namorado na roça pergunta pra moça:
- Maria, cê já viu ôio de onça no escuro?
- Vi, não.
- Se ocê vê, inté peida.

Zona

Sujeito vai à zona, dinheiro contado. Cheio de tesão, dá uma de galo e goza rapidinho. Insatisfeito, pergunta pra puta:
- Ô, dona, eu paguei tão caro e fui tão rapidinho.
- E a mulher:
- Cê não vai ficar no prejuízo, não. Cê gosta de chupar?
E o cara:
- Gosto, gosto.
- Então vou te dar quatro mangas.

As Beatas

Eram três velhas. Solteironas e muito religiosas. Com seus oitenta e tantos anos, todas as três ainda virgens. Como sempre acontece, viviam uma espezinhando a outra. Aquelas implicâncias e rabugices de velhotas. Nhanhá teve os grandes lábios colados, foi obrigada a fazer uma cirurgia. O médico lhe descolou s grandes lábios da vagina com o bisturi. Tempos depois, numa briga entre elas sobre quem era mai pura, casta e sem pecado, Nhanhá disse alguma coisa e veio o troco das irmãs:
- Você não pode falar nada. Você já foi experimentada!

Cuidado com as palavras

Encontro com Avelar e Aurélio no bar do Luciano. Os dois comentavam que a cidade estava muito violenta, muitos crimes e que havia muitos gays.
- No tempo que eu morei em Esmeraldas, a gente só tinha um ladrão, que era o Sô Hélio. Tinha até crachá de assaltante – lembrei. – Veados eram só quatro – acrescentei.
- Pois hoje só quatro é que não são veados – brincou Avelar.
E Aurélio, sério:
- Temos que abrir o olho.
- Tem é que fechar o olho, senão vai ser um veado a mais.

Apoio moral

Peri, maestro da banda, foi visitar Jadir que estava pelas últimas. O amigo lembrou ao chefe da Euterpe Quiteriense:
- Peri, eu já te pedi. Quero a banda tocando no meu enterro. Você tá lembrado?
- Tô, inclusive nós já estamos ensaiando.


*****

(Do livro: Chico Clarião fugiu com Cauby 
e outras histórias de Esmeraldas, de Nani)



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