Madame Satã, o homem
que matou Geraldo Pereira.
Geraldo Pereira (1918 - 1955), autor
de sambas sincopados, é o compositor dos seguintes sambas: Falsa Baiana,
Bolinha de papel, Escurinho, Pedro Pedregulho, Escurinha, Acabou a sopa,
entre tantos outros sambas geniais. Era um negro forte, alto e bom de briga,
mas morreu em conseqüência de uma luta com Madame Satã (João Francisco dos
Santos – 1900 –1976) que, apesar de ser homossexual, também era uma lenda viva
da Lapa, fechando bares e enfrentando às terríveis Polícias Especiais (Polícia
de Choque) e D.G.I. (Departamento Geral de Investigação), que enchia de pavor
quem andasse nas ruas.
Geraldo Pereira
Madame Satã é quem conta a história:
“Eu entrei no Capela e estava sentado tomando um chope. Ele chegou com uma
amante dele, pediu dois chopes e sentou-se ao meu lado. Aí cismou que eu tinha
que tomar o chope dele e ele tinha que tomar o meu. Ele pegou o meu copo e
disse pra ele: Olha, esse copo é meu. Aí ele achou que aquele copo era dele e
não era o meu. Então eu peguei meu copo e levei para a minha mesa. Aí ele
levantou e chamou pra briga. Disse uma porção de palavras obicênias, eu
não sei nem dizer essas coisas. Aí eu perdi a paciência, dei um soco nele, ele
caiu com a cabeça no meio-fio e morreu. Mas ele morreu por desleixo do médico,
porque foi para assistência vivo.”
O cruzado de direita alcançou a
ponta do queixo do negro forte, que caiu, nocauteado, no chão do botequim. O
branco magrela, autor do golpe, saiu espantado olhando a vítima, enquanto os
frequentadores se entreolhavam, admirados. Encontrou Madame Satã, malandro da
Lapa, a quem conhecia, e pediu para ele ver se o desafeto estava vivo. Satã
voltou: “Rapaz, você botou no chão o Miguelzinho Camisa Preta”.
Ao ouvir o nome do mais perigoso
marginal do Rio, o “italianinho” tremeu e pensou em retornar para São Paulo.
Mas Satã trazia Miguelzinho a seu lado que, agradecendo a lealdade do magrelo
(por não ter pisado na cara dele, depois de caído, como era praxe), estendeu a
mão em amizade. Nascia
o mito de mais um valente na Lapa. Nélson Gonçalves (1919 – 1998), gaúcho de
Santana do Livramento.
Cyro Monteiro,
gozador até na hora da morte.
No dia 13 de julho de 1973, em um
hospital, Cyro Monteiro (1913 – 1973) preocupava a todos, alternando períodos
de lucidez com coma. Ao fazer um teste de consciência, perguntaram-lhe o nome.
Sem abrir os olhos, com o habitual sorriso sacana, o cantor respondeu num
sussurro: “Roberto Carlos”. Pouco depois da última piada, estava morto.
Formigão para os amigos e “O
cantor das Mil e uma Fãs”, como era apresentado nas rádios, foi quem lançou
Lupicínio Rodrigues para o sucesso com a música Se acaso você chegasse,
em 1938.
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