Velhas árvores
Olavo Bilac
Olha
estas velhas árvores, mais belas
do
que as árvores novas, mais amigas;
tanto
mais belas quanto mais antigas,
vencedoras
da idade e das procelas.
O
homem, a fera e o inseto, à sombra delas
vivem,
livres de fome e fadigas;
e
em seus galhos abrigam-se as cantigas
e
os amores das aves tagarelas.
(De “Alma Inquieta”)
Árvores
Paulo Roberto
Tuas
folhas caem
ao
ritmo do vento.
Teus
galhos estremecem
ao
ritmo do tempo.
Teu
caule
forte,
bravo e quente
é
o consolo da gente.
Teu
fruto
foi
meu ontem,
é
meu hoje
e
será meu amanhã.
Minha
amiga,
és
uma amiga,
uma
amiga só.
Que
meu filho
tenha
a tua sombra.
Que
os filhos do meu filho
tenham
o teu caule:
forte,
bravo e quente.
A Árvore
Helena de Fátima
A
árvore tanto nos dá
Na
vida de cada dia
Que sem não sabemos
Como
este mundo seria.
Sua
verdura é esperança,
Sua
madeira, riqueza,
Seus
frutos são bonança,
Suas
flores, a beleza.
É
exemplo de bondade,
Pois
vive para ser bem,
Sua
sombra é a caridade
Que
não se nega a ninguém.
Conserva
a mata, menino,
Cuida
a fronde do jardim;
Aprende
de seu ensino
E
terás ditoso fim!
À árvore
Coelho Neto
A árvore não é só enfeite da
terra; ora em flor ora em fruto: ela é a purificadora do ar que aspiramos, a
garantidora do manancial que jorra para a nossa sede e para a rega das
lavouras. Movendo docemente os seus ramos, trabalha como fiandeira do sol;
recebendo na copa os raios ardentíssimos, desfia-os em brando calor,
agasalhando assim os que se achegam à sua sombra.
Ela é medicina e é beleza,
frondejando à beira da nossa morada, e ainda é confidente dos nossos pesares e
alegrias, quando sob os seus galhos recordamos saudades ou edificamos no sonho.
Assim é a árvore viva.
Morta, ela é tudo – princípio e
o fim: berço e esquife e, entre esses dois pólos, tudo é árvore – casa e o
templo, o leito e o altar, o carro que roda nas terras lavradas, o navio que
sulca os mares, o cabo da enxada, a haste da lança e tantos, tantos outros
utensílios da vida. Matar a árvore é estancar uma fonte. Onde se devastam as
florestas estende-se o deserto estéril – resseca-se o terreno, os rios minguam,
somem-se os animais. Assim a árvore, senso beleza, é ao mesmo tempo fiadora da vida.
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