quarta-feira, 2 de abril de 2014

Homenagem às árvores





Velhas árvores


Olavo Bilac


Olha estas velhas árvores, mais belas
do que as árvores novas, mais amigas;
tanto mais belas quanto mais antigas,
vencedoras da idade e das procelas.
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
vivem, livres de fome e fadigas;
e em seus galhos abrigam-se as cantigas
e os amores das aves tagarelas.

(De “Alma Inquieta”)


Árvores


Paulo Roberto


Tuas folhas caem
ao ritmo do vento.
Teus galhos estremecem
ao ritmo do tempo.
Teu caule
forte, bravo e quente
é o consolo da gente.
Teu fruto
foi meu ontem,
é meu hoje
e será meu amanhã.
Minha amiga,
és uma amiga,
uma amiga só.
Que meu filho
tenha a tua sombra.
Que os filhos do meu filho
tenham o teu caule:
forte, bravo e quente.


A Árvore


 Helena de Fátima


A árvore tanto nos dá
Na vida de cada dia

Que sem não sabemos
Como este mundo seria.

Sua verdura é esperança,
Sua madeira, riqueza,
Seus frutos são bonança,
Suas flores, a beleza.

 

É exemplo de bondade,
Pois vive para ser bem,
Sua sombra é a caridade
Que não se nega a ninguém.

Conserva a mata, menino,
Cuida a fronde do jardim;
Aprende de seu ensino
E terás ditoso fim!




À árvore


 Coelho Neto


A árvore não é só enfeite da terra; ora em flor ora em fruto: ela é a purificadora do ar que aspiramos, a garantidora do manancial que jorra para a nossa sede e para a rega das lavouras. Movendo docemente os seus ramos, trabalha como fiandeira do sol; recebendo na copa os raios ardentíssimos, desfia-os em brando calor, agasalhando assim os que se achegam à sua sombra.

Ela é medicina e é beleza, frondejando à beira da nossa morada, e ainda é confidente dos nossos pesares e alegrias, quando sob os seus galhos recordamos saudades ou edificamos no sonho.

 Assim é a árvore viva.

Morta, ela é tudo – princípio e o fim: berço e esquife e, entre esses dois pólos, tudo é árvore – casa e o templo, o leito e o altar, o carro que roda nas terras lavradas, o navio que sulca os mares, o cabo da enxada, a haste da lança e tantos, tantos outros utensílios da vida. Matar a árvore é estancar uma fonte. Onde se devastam as florestas estende-se o deserto estéril – resseca-se o terreno, os rios minguam, somem-se os animais. Assim a árvore, senso beleza, é ao mesmo tempo fiadora da vida.


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