Tenho cabelos vermelhos,
pintados, para esconder os fios brancos. Não me lembro exatamente em que ano
eles começaram a branquear...
Tenho algumas rugas em volta dos
olhos, mas também não me recordo quando elas começaram a aparecer. Tento
disfarçá-las, tantas novidades no campo da dermatologia, achei por bem
aproveitá-las.
Do corpo não cuido quase, só
recentemente entrei para uma academia por ordem médica. Ele me disse que na
minha idade preciso de exercícios... Mas falto mais do que vou, não gosto de
fazer ginástica.
Das minhas unhas cuido
semanalmente, penso que elas são uma porta de visita. Unhas maltratadas causam
uma péssima impressão!
De uns dois anos pra cá descobri
os cremes e aí compro um aqui, outro ali e no final não uso nenhum, mas compro,
só de olhá-los na prateleira já percebo que as rugas se retraem.
Sou assim, vaidosa, mas não sou
em excesso, penso que sou na medida certa, na medida correta para uma mulher.
Enfim os anos passam e as marcas que eles deixam em nós, não temos como conter.
Nem pretendo isso!
Acho que cada marca, que meu
corpo carrega, tem uma linda história. Às vezes me pego na frente do espelho
descobrindo uma nova ruguinha e já me coloco a pensar o que a causou. Depois
reencontro com outra que já está lá vincada há anos e me recordo quando ela
apareceu.
Poderia enumerar também a história
de cada fio de cabelo branco. Foram filhos, maridos, amigos que colocaram eles
ali. Não quero me desfazer de nenhuma dessas marcas, apenas amenizá-las, acho
que mereço isso. A vida me deve isso.
Atualmente a parte que merece
mais a minha atenção, tem sido a cabeça. Tento, todos os dias, colocá-la no
lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e alegrias. Corpo e mente caminham
juntos. Se um estiver em estado lastimável, o outro, provavelmente, vai se
deteriorar.
Não escondo minha idade. Não
adiantaria falar que tenho trinta e cinco e apresentar uma filha de vinte e
sete. Portanto eu confesso: tenho quarenta e oito anos. Metade deles bem
vividos, a outra metade muito sofrida. Mas é exatamente aí que está o encanto
da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e ambos
me fizeram ser essa pessoa que sou hoje.
Ficaram as rugas no rosto e na
alma, mas também ficaram sorrisos em ambos. Minhas rugas mais bonitas são aquelas
marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o
coração chorava.
Silvana Duboc
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