Biografia
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Joaquim Maria Machado de Assis nasceu
em 1839, no morro do Livramento, Rio de Janeiro. De origem humilde, mestiço,
começou a ganhar a vida como aprendiz de tipógrafo. Pouco se sabe de sua
infância. Acredita-se que tenha freqüentado, por algum tempo, a escola pública
de primeiras letras. A realidade, porém, é que Machado de Assis foi sempre um
autodidata.
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta
Xavier de Novaes, que influenciou muito sua carreira. Ocupou vários cargos
públicos e, juntamente com outros intelectuais, fundou a Academia Brasileira de
Letras, sendo eleito seu presidente.
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Poesia: Crisálidas (1864);
Falenas (1870); Americanas (1875); Poesias Completas (1901).
Romance: Ressurreição (1872);
A Mão e a Luva (1874); Helena (1871); Iaiá Garcia (1878); Memórias Póstumas de
Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891);
Dom Casmurro (1900); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).
Conto: Contos Fluminenses
(1870); Histórias da Meia-noite (1873); Papéis Avulsos (1882); Histórias Sem
Data (1884); Várias Histórias (1896); Páginas Recolhidas (1899); Relíquias da
Casa Velha (1906).
Escreveu ainda teatro, crônica e
crítica.
O Conto Machadiano
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Machado de Assis é autor de
quase duzentos contos, o que o situa – pela quantidade do que escreveu – entre
os melhores contistas mundiais. Houve também uma evolução do escritor a partir
de suas histórias românticas, leves, para histórias mais densas, mais
intrigantes.
A construção de um conto é, com
certeza, muito mais difícil do que a construção de um romance, porque o conto:
Þ é uma narrativa curta e
deve prender a atenção do leitor;
Þ deve ter um só conflito e
este tem de ser muito interessante;
Þ deve conduzir o leitor
para um único efeito, provocando-lhe tensão na leitura;
Þ deve manter um perfeito
equilíbrio narrativo sempre;
Þ trabalha com poucas
personagens, em tempo exíguo, em pequenos espaços.
Nesse sentido, Machado de Assis foi
um contista extraordinário, pois soube manejar as regras do conto como ninguém.
Estrutura dos Contos
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Foco
Narrativo
Dos sete contos selecionados abaixo,
um deles apresenta foco narrativo de primeira pessoa, técnica em que Machado de Assis
sempre se revelou exímio: Missa do Galo.
Outro, não há narrador: Teoria do Medalhão. Os demais apresentam
foco narrativo de terceira pessoa: A Cartomante, Pai contra
Mãe, Um Homem Célebre, Cantiga de Esponsais e O Espelho;
embora nesse último, a partir do momento em que se insere a narrativa encaixada
de Jacobina, prevalece o discurso em primeira pessoa.
Tempo
Vale-se do tempo cronológico (uma
noite, dia do aniversário do filho, época da escravidão,...). No entanto, em O Espelho ,
encontramos um trabalho interessante sobre o tempo. A narrativa apresenta a
seqüência de ações cronologicamente, mas fundamenta com arte como se processa
no indivíduo a ocorrência e a sensação do tempo psicológico.
Espaço
Machado, na construção do espaço em
seus contos, age como se fosse um cenógrafo moderno, que apenas sugere o
cenário com poucos elementos, somente aqueles indispensáveis para a ação e para
que o espectador possa imaginar o local físico em que ela acontece.
Personagens
É na construção das personagens que o
escritor dedica sua maior atenção, reunindo um a um seus pequenos gestos, seus
mínimos pensamentos, suas contradições até que seu retrato seja patenteado ao
leitor.
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Entre as mais notáveis
características desse estilo de época podemos mencionar a não idealização das
personagens. Agora, podemos em uma narrativa encontrar personagens vulgares,
com defeitos e imperfeições que estamos acostumados a ver nas pessoas que nos
rodeiam. O materialismo e o anticlericalismo são comuns na maioria dos
escritores. A temática é sempre contemporânea, evitando-se o medievalismo, o
passado histórico. Em vez de valorizar as peripécias, a ação exterior, o escritor
realista desenvolve uma maior preocupação com a ação interior, com a análise
psicológica. O enredo torna-se moroso, mas é valorizado por uma grande
preocupação formal.
Racionalismo, objetividade, visão
crítica são posturas fundamentais para todo artista que pretenda ser realista.
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O conto machadiano segue a tendência
dos romances, mantém aquilo que chamamos de microrrealismo, ou seja, uma
tendência à observação das minúcias psicológicas das personagens, uma constante
tentativa de desvendar a alma humana, uma busca incansável de revelar o âmago
dos gestos e atitudes que produzem essas criaturas dentro da sociedade. Por
essa trilha desfilam certas figuras recorrentes, tais como o avaro, o enganador
ou parlapatão, ou a mulher indecisa. Seu intuito não é aceitar qualquer
idealização ou sentimentalismo, mas revelar o âmago, o íntimo mais opaco. Assim
a verdade transparece, os defeitos se revelam, transparentes e dolorosos, como
marcas de sua escritura pessimista. É a partir desses humanos defeitos que
retiramos alguns dos principais temas que cercam alguns dos sete contos
escolhidos abaixo.
A sedução amorosa e a insegurança dos
envolvidos, marcados estes pelo clima de dúvida e de suspeita, ficam patentes
no conto que pode ser considerado uma de suas obras-primas: Missa do Galo.
Adultério torna-se temática única no
conto tradicional: A Cartomante.
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