O “árabe” que nunca viu o deserto
Júlio
César de Mello e Souza (pseudônimo Malba Tahan), viveu 79 anos (de 1895 a
1974), a maior parte no Rio de Janeiro.
Formação: Colégio D. Pedro II, Escola Normal e Escola Politécnica (engenheiro civil)
Malba Tahan, em árabe, quer dizer o “Moleiro de Malba”. Malba é um oásis e Tahan, o sobrenome de uma aluna, Maria Zechsuk Tahan. Por deferência do presidente Getúlio Vargas, o professor (abaixo, em aula) pode usar o pseudônimo na carteira de identidade. Ele gostava de visitar os trabalhos escolares carimbando o “Malba Tahan”escrito em caracteres árabes.
Malba Tahan, em árabe, quer dizer o “Moleiro de Malba”. Malba é um oásis e Tahan, o sobrenome de uma aluna, Maria Zechsuk Tahan. Por deferência do presidente Getúlio Vargas, o professor (abaixo, em aula) pode usar o pseudônimo na carteira de identidade. Ele gostava de visitar os trabalhos escolares carimbando o “Malba Tahan”escrito em caracteres árabes.
No início do século, era
bastante difícil de os autores nacionais conseguirem publicar qualquer coisa:
os livreiros e os donos de jornais tinham medo de ficar no prejuízo. Assim,
procurando-se se lançar como escritor, Mello e Souza resolveu criar uma figura
exótica e estrangeira, o Malba Tahan, e passar como tradutor dos contos e
livros desse.
Ao ler os Contos das Mil e Uma Noites, ainda menino, havia apaixonado-se pela
cultura árabe. Partindo desse conhecimento, e melhorando-o com outras leituras
e inclusive curso de árabe, construiu seu personagem. Sua criação era uma rara
figura: nascido em 1885 na Arábia Saudita, já muito moço fora nomeado prefeito
de El Medina pelo emir; depois, foi estudar em Istambul e Cairo; aos 27 anos,
tendo recebido grande herança do pai, saiu em viagem de aventuras pelo mundo
afora: Rússia, Índia e Japão. Em cada aventura, Malba Tahan sempre acabava envolvendo-se
com algum engenhoso problema
matemático, que resolvia magistralmente.
O sucesso dessa ideia de
Mello e Souza
foi imediato e ele acabou
escrevendo dezenas de livros para seu Malba Tahan : A Sombra do arco-íris (seu
livro predileto), Lendas do Deserto, Céu
de Allah, etc, etc e o muito famoso O
Homem que Calculava (que além de ter
sido traduzido para várias línguas,
vendeu mais de 2 milhões de exemplares só no Brasil e está na 42a
edição).
Hoje, o valor pedagógico dessa
obra é reconhecido até internacionalmente. Não menos meritória de aplausos é a
criatividade entretenedora dos livros de Mello e Souza; o grande escritor Jorge
Luiz Borges colocava-os entre os mais notáveis livros da Humanidade.
Além de produzir essa vasta obra
literária (Malba Tahan), Mello e Souza encontrou tempo para escrever vários
livros de Matemática e Didática da Matemática.
Podemos destacar os seguintes
aspectos de sua obra didática: foi um crítico severo da didática usual dos
cursos de matemática da primeira metade deste século (conta-se episódios de
violentas discussões que travou em congressos e conferências). foi um pioneiro
no uso didático da História da Matemática, na defesa de um ensino baseado na
resolução de problemas não-mecânicos e na exploração didática das atividades
recreativas e no uso de material concreto no ensino da Matemática. Não podemos
deixar de mencionar que foi um dos primeiros a explorar a possibilidade do
ensino por rádio e televisão. Lamentamos, por outro lado, sua insistência em
divulgar ideias associadas à Numerologia.
Provavelmente deve seu interesse pelo
ensino ao pai e mãe, ambos professores de primeiro grau. Começou a lecionar
cedo: aos 18 anos, ensinava nas turmas suplementares no Colégio D. Pedro II .
Os cargos mais importantes que teve foram: catedrático na escola Nacional de
Belas Artes, catedrático na Faculdade Nacional de Arquitetura e catedrático no Instituto de Educação do RJ (ex
Escola Normal do RJ).
Bibliografia: Jornal Leitura, SP ,1991,
Nome: Júlio César de Mello e Souza ( pseudônimo: Malba Tahan);
Vida: viveu 79 anos ( 1895 - 1974 ), a maior parte no Rio de Janeiro;
Formação: Colégio D. Pedro II;
Escola Normal do RJ;
Escola Politécnica do RJ ( engenheiro civil ).
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