segunda-feira, 7 de abril de 2014

Malba Tahan

O “árabe” que nunca viu o deserto


Júlio César de Mello e Souza (pseudônimo Malba Tahan), viveu 79 anos (de 1895 a 1974), a maior parte  no Rio de Janeiro. Formação: Colégio D. Pedro II, Escola Normal e Escola Politécnica (engenheiro civil)

Malba Tahan, em árabe, quer dizer o Moleiro de Malba. Malba é um oásis e Tahan, o sobrenome de uma aluna, Maria Zechsuk Tahan. Por deferência do presidente Getúlio Vargas, o professor (abaixo, em aula) pode usar o pseudônimo na carteira de identidade. Ele gostava de visitar os trabalhos escolares carimbando o Malba Tahanescrito em caracteres árabes.



No início do século, era bastante difícil de os autores nacionais conseguirem publicar qualquer coisa: os livreiros e os donos de jornais tinham medo de ficar no prejuízo. Assim, procurando-se se lançar como escritor, Mello e Souza resolveu criar uma figura exótica e estrangeira, o Malba Tahan, e passar como tradutor dos contos e livros desse.

Ao ler os Contos das Mil e Uma Noites, ainda menino, havia apaixonado-se pela cultura árabe. Partindo desse conhecimento, e melhorando-o com outras leituras e inclusive curso de árabe, construiu seu personagem. Sua criação era uma rara figura: nascido em 1885 na Arábia Saudita, já muito moço fora nomeado prefeito de El Medina pelo emir; depois, foi estudar em Istambul e Cairo; aos 27 anos, tendo recebido grande herança do pai, saiu em viagem de aventuras pelo mundo afora: Rússia, Índia e Japão. Em cada aventura, Malba Tahan sempre acabava  envolvendo-se  com  algum engenhoso problema matemático, que resolvia magistralmente. 

O sucesso dessa ideia  de  Mello  e  Souza  foi  imediato e ele acabou escrevendo dezenas de livros para seu Malba Tahan : A Sombra do arco-íris (seu livro predileto), Lendas do Deserto,  Céu de Allah,  etc, etc e o muito famoso O Homem que Calculava  (que além de ter sido traduzido para várias línguas,  vendeu mais de 2 milhões de exemplares só no Brasil e está na 42a edição).

Hoje, o valor pedagógico dessa obra é reconhecido até internacionalmente. Não menos meritória de aplausos é a criatividade entretenedora dos livros de Mello e Souza; o grande escritor Jorge Luiz Borges colocava-os entre os mais notáveis livros da Humanidade.

Além de produzir essa vasta obra literária (Malba Tahan), Mello e Souza encontrou tempo para escrever vários livros de Matemática e Didática da Matemática.

Podemos destacar os seguintes aspectos de sua obra didática: foi um crítico severo da didática usual dos cursos de matemática da primeira metade deste século (conta-se episódios de violentas discussões que travou em congressos e conferências). foi um pioneiro no uso didático da História da Matemática, na defesa de um ensino baseado na resolução de problemas não-mecânicos e na exploração didática das atividades recreativas e no uso de material concreto no ensino da Matemática. Não podemos deixar de mencionar que foi um dos primeiros a explorar a possibilidade do ensino por rádio e televisão. Lamentamos, por outro lado, sua insistência em divulgar ideias associadas à Numerologia. 

Provavelmente deve seu interesse pelo ensino ao pai e mãe, ambos professores de primeiro grau. Começou a lecionar cedo: aos 18 anos, ensinava nas turmas suplementares no Colégio D. Pedro II . Os cargos mais importantes que teve foram: catedrático na escola Nacional de Belas Artes, catedrático na Faculdade Nacional de Arquitetura e catedrático no Instituto de Educação do RJ (ex Escola Normal do RJ).

Bibliografia: Jornal Leitura, SP ,1991,

Nome: Júlio César de Mello e Souza ( pseudônimo: Malba Tahan);

Vida: viveu 79 anos ( 1895 - 1974 ), a maior parte no Rio de Janeiro;

Formação: Colégio D. Pedro II;

Escola Normal do RJ;

Escola Politécnica do RJ ( engenheiro civil ).

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