O
dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na
rua:
– Senhor Bilac, estou precisando
vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia
redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou o papel e
escreveu.
"Vende-se encantadora
propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada
por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol
nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda".
Meses depois, topa o poeta com o
homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
– Nem penso mais nisso, - disse
o homem - quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!
Às vezes, não descobrimos as
coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás de miragens e falsos
tesouros.
Valorize o que você tem, a pessoa que
está ao seu lado, os amigos que estão perto de você, o emprego que Deus lhe
deu, o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso, enfim tudo
aquilo que nosso Deus nos proporciona diariamente para o nosso crescimento
espiritual.
Conta Mário de Lima Barbosa que, sendo eleito presidente do Estado do Rio, o doutor Francisco Portela levou Olavo Bilac como seu secretário. E certa vez o poeta escreveu um ofício em verso, nestes termos:
Niterói, dez de janeiro
Saúde e fraternidade.
Demita-se o tesoureiro
Por falta de assiduidade.
E lavra-se a Portaria
O Decreto ou Álvará,
Que entregue a tesouraria,
Ao Doutor Luiz Murat.
Outra vez preparou também um despacho do poeta para um requerimento de licença:
Se Dona Ana Maldonado
For uma bela mulher
Tenha o dobro de ordenado
Na licença que requerer.
Mas se for velha e metida
Das que se chamam - Canhão,
Seja logo demitida,
Sem maior contemplação.
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