domingo, 6 de abril de 2014

As aulas do Barão



O Barão

1. Em 1945, Aparício Torely, o Barão de Itararé, foi eleito vereador do Rio de Janeiro pelo PCB. Eis o slogan que adotou: “Mais água, mais leite; mas, menos água no leite”.

2. Numa prova oral na Faculdade de Medicina em Porto Alegre, o professor mostrou um fêmur e perguntou-lhe:

−Conhece esse osso?

O Barão de Itararé inclinou-se cerimoniosamente, apertou o osso e disse: “Muito prazer em conhecê-lo”.

3. 1934. Após ser espancado por oficiais da Marinha, Barão afixou na porta de sua sala placa com os dizeres: “Entre sem bater”.

Carta Branca

Pobre de mim! que, em vão, ansioso, espero
Notícias de meu bem, que está distante.
O meu amor aumenta a cada instante
E cada vez me torno mais sincero

Por ser assim, bondoso e tolerante,
Assim me paga o quanto bem lhe quero.
Talvez se eu fosse um pouco mais severo,
Seria ela mais meiga, mais constante.

E há tanta moça aqui nesta cidade...
E eu tão triste, curtindo esta saudade,
Que o pranto dos meus olhos não se estanca.

Se a desalmada, ao menos, me mandasse
Uma cartinha, p'ra secar-me a face...
Se me mandasse, ao menos, carta branca...

A origem de algumas expressões ou palavras, segundo o Barão:

A origem da palavra “Habeas Corpus” → A expressão “Habeas Corpus” tem a sua origem numa lei inglesa, cujo texto latino começa com estas palavras: “Habeas corpus ad subjudiciendum”, as quais, traduzidas mais ou menos de orelhada, significam: Que tenham ou disponham de corpo para apresentá-lo em juízo. Este instituto foi incorporado à legislação do Brasil, que, por ser o país da borracha, lhe deu uma grande elasticidade.

A origem da palavra Snob (esnobe) → A Universidade de Oxford, na Inglaterra, era o estabelecimento de ensino preferido pelos nobres para a educação de seus filhos. Contam que ali havia um professor que fazia uma severa distinção entre os alunos pertencentes à aristocracia e os que descendiam da classe burguesa. Na lista dos alunos, esse professor, para dar o tratamento a cada um, de acordo com a sua origem, costumava escrever, com letra miudinha, depois do nome dos alunos plebeus, esta anotação: “S.nob.”, que era a abreviação das palavras latinas “Sine nobilitate”, isto é, sem nobreza. Esta é a origem da palavra “snob”, que se emprega em muitos idiomas para qualificar um indivíduo que se quer dar ares de nobre, sem sê-lo“.

A origem da palavra Larápio → Na Roma dos Césares havia um cônsul da Cirenaica de nome Lucius Amarus Rufus Apius, que gozava de grande popularidade pelas suas preclaras virtudes cívicas e morais. Mas, como neste mundo não há nada perfeito, também Lucius Amarus Rufus Apius tinha um pequeno defeito, aliás bastante comum nos homens públicos dos nossos dias atômicos e que consistia em confundir muito a miúdo o patrimônio alheio com o próprio. Por isso, quando alguém era apanhado em flagrante delito de apropriação indébita, o criminoso era comparado a Lucius Amarus Rufus Apius. Como, porém, esse nome era muito comprido, o povo o abreviava, dizendo simplesmente  “L.A.R.APIUS”.

A origem do nome Iracema → Iracema não é um nome indígena, como muita gente supõe. IRACEMA é um anagrama de AMERICA, composto por José de Alencar, que era perito na elaboração desses passatempos. José de Alencar, dando o nome de Iracema à heroína de seu romance, quis, assim, simbolizar a mulher americana.

A origem da palavra Cadáver → Essa história de se chamar a Associação Brasileira de Imprensa de "ABI" e o Departamento do Serviço Público de "DASP" não é uma invenção dos homens modernos. Em todas as línguas, mesmo nas mais antigas, encontramos abreviações análogas, formando palavras que foram incorporadas mais tarde ao vocabulário comum. São palavras que valem por frases e que dificilmente poderão ser traduzidas para outras línguas. Isso tudo se explica facilmente, porque o povo procura sempre naturalmente a maneira mais cômoda de se expressar e, sem dúvida, é mais fácil pronunciar rapidamente uma palavra de uma sílaba, que dizer por extenso várias palavras cuja ordem e significado nem sempre podem ser retidos, compreendidos e articulados pelo homem da rua. Os romanos, por sua vez, não gostavam, por certo, de dizer as coisas íntimas ou afetivas com brutalidade e, por isso, principalmente as notícias tristes, eles procuravam disfarçá-las. Um homem ou um animal mortos era, em todo caso, "carne dada aos vermes". Essa coisa desagradável, entretanto, os romanos não a diziam com todas as letras. Assim, para transmitir à família, aos parentes e amigos que alguém havia morrido, eles não diziam que o morto era “carne dada aos vermes” (“Caro data vermibus”). Eles faziam essa comunicação de uma forma sintética, dizendo simplesmente que o morto era “ca-da-ver”, empregando apenas a primeira sílaba de cada palavra.

Extraído de Almanhaque para 1949 ou Almanhaque d'A Manha − Primeiro Semestre − (exceto as notas "Habeas Corpus" e "Jantar de Cerimônia", extraídas de Almanhaque para 1955 − Segundo Semestre) − "super-tele-visionado na sua parte científica, astronômica e profética pelo Exmo. Sr. Barão de Itararé, o Brando - marechal-almirante e brigadeiro do ar condicionado, que o escreveu todinho, em grande estilo e vertiginosa velocidade, com a sua nova caneta de propulsão a jato, comandando um exército de esteno-datilógrafas mecanizadas e sob a carinhosa e permanente vigilância das exmas. autoridades federais e internacionais da ordem política e social". "Copyright by Baron of Itararé - Sob o patrocínio da SOciedade GRAfica Ltda. (SOGRA)

Barão de Itararé é a alcunha de Apparício Torelly (1895-1971). A Batalha de Itararé é famosa por nunca ter ocorrido.


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