As
pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Cinematógrapho
Vai-se
a primeira fita comovente...
Vai-se
outra mais... mais outra... e mais fitas
Vão-se,
fita sublimes, esquisitas
Apenas
desce a noite lentamente.
E
depois do programa surpreendente
Noutra
sessão, mais tarde, las catitas
De
pathé, de Biograph, bonitas
Voltam
todas ao quadro novamente.
Também
dos nossos bolsos, retinindo
Vão-se
cinco tostões assim sumindo
Como
do quadro as fitas colossais...
Nas
trevas da gaveta o timbre solta:
Porém
noutra sessão as fitas voltam
E
esses cinco tostões não voltam mais...
(L.
Litão Júnior – publicado na imprensa gaúcha,
nos anos 20. Recolhido por Jesus
Pfeil)
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