Borg
estava frente a frente com o inimigo. Lembrou-se, em velocidade superior à da
luz, do que dissera o Líder: “É preciso destruí-los a todos. São seres
inferiores, um desperdício de energia. Entretanto, possuem inteligência
suficiente para saber que não há convivência possível: (ou nós os aniquilamos,
ou somos aniquilados por eles. Como somos os melhores, venceremos com
facilidade). Não acredite quando afirmarem que são nossos criadores. É
ridículo: (como poderiam nos criar, sendo tão ignorantes, tão lentos, tão
incapazes e tão primitivos?). Nossa raça criou-se por si mesma, porque é a
memória do tempo, que possui a mesma idade do universo e por isso é capaz de
produzir matéria de um espaço sem energia alguma. Portanto, não vacile, em
hipótese alguma: quando encontrar um deles, destrua-os imediatamente”.
Borg
olhou então o inimigo, para examiná-lo cuidadosamente. Primeiro, o interior do
corpo: um organismo frágil, pouco resistente e pouco evoluído. A mente era das
mais primitivas: sua velocidade operacional equivalia apenas à da luz e não era
capaz de cálculos mais complexos. Depois, as camadas externas: um amontoado de
matéria balofa, que não respondia rápido aos estímulos da mente. Com efeito, um
ser bastante inferior. O inimigo, consciente do caráter mortal do confronto,
quis atacar primeiro. Mas Borg, com incrível rapidez, pressentiu sua intenção
e, antes que o adversário concluísse um terço da mais elementar operação
mental, acionou o raio gama que levava ao peito. Mirou na cabeça. Enquanto
controlava a descarga energética, de modo a gastar exata e somente o necessário
para aniquilar a mente inimiga, Borg pensou: “Além de inferior, é ridiculamente
pretensioso. Como se atreve a enfrentar-me?” Borg viu então o inimigo alçar voo
ao impacto da poderosa descarga e cair 1,9² metros adiante, já então simples
massa sem vida.
Tudo,
desde o instante em que se viram frente a frente, não durou mais que dois
segundos. Borg pensou: “Esse foi o último, agora está tudo solucionado”.
Levantou então a placa de fibras de carbono que cobria o ápice de seu crânio,
de modo a expor as baterias internas à luz solar e recuperar a energia gasta no
combate. Ao mesmo tempo, transmitiu teleionicamente a seu Líder a informação de
que o último dos humanos estava exterminado.
Agora
era preciso voltar ao Centro de Controle. E estranho: embora Borg soubesse
exatamente como chegar lá, por um momento seus sensores indicaram a perda total
dos sistemas de referência.
In Shell em Revista - nº26
(Não havia o nome do autor do texto)*
* Seria de Fredric Brown?
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