(1893 – 1966)
Em
agosto de 1966, quando morreu Orestes Barbosa, autor das mais belas músicas de
serestas brasileiras, escrevia Francisco Luís Ribeiro, na sua coluna “Poeira
das Ruas”, que então publicava no “Diário de São Paulo”.
“Morreu Orestes Barbosa. Anjos, largai as vossas harpas, empunhai
violões para receberes condignamente o poeta-sambista! E abri as vossas asas,
como estandartes, para recepcionar o Mestre!
Quem teve o talento de compor
Chão de Estrelas merece um céu só de pastorinhas...”
Chão de Estrelas
(Orestes Barbosa e Sílvio Caldas)
Minha
vida era um palco iluminado...
Eu
vivia vestido de dourado
- Palhaço das perdidas ilusões...
Cheio
dos guizos falsos da alegria,
Andei
cantando a minha fantasia
Entre
as palmas febris dos corações...
Meu
barracão no morro do Salgueiro
Tinha
o cantar alegre de um viveiro
- Foste a sonoridade que acabou...
E,
hoje, quando o sol a claridade
Forra
o meu barracão, sinto saudade
Da
mulher - pomba-rola que voou...
Nossas
roupas comuns dependuradas
Na
corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam
um estranho festival:
A
mostrar que nos morros mal vestidos
É
sempre feriado nacional.
A
porta do barraco era sem trinco,
Mas
a lua furando o nosso zinco,
Salpicava
de estrelas nosso chão...
Tu
pisavas nos astros distraída
Sem
saber que a ventura desta vida,
É
a cabrocha, o luar e o violão...
O poeta (Orestes) diz que “Tu
pisavas nos astros distraída”, verso que Manuel Bandeira invejava, considerando-o
“talvez o mais bonito de nossa língua”. O titulo inicial da música era Sonoridade
que acabou, mas foi alterado para Chão de estrelas a conselho do
poeta Guilherme de Almeida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário