Campo de Flores
Cânticos
Pai Nosso, de todos nós,
que todos somos irmãos;
a Ti erguemos as mãos
e levantamos a voz:
A Ti, que estás no céu
e nos lanças com clemência
do vasto estrelado véu
os olhos da Providência!
Bendito, santificado
seja o teu nome, Senhor!
Inviolável, sagrado
na boca do pecador!
E venha a nós o teu reino!
Acabe o da vil cobiça!
Reine o amor, reine a justiça
que pregava o Nazareno;
de modo que seja feita
a Tua santa vontade,
sempre a expressão perfeita
da justiça e da verdade!
Seja feita assim na Terra
como no céu, onde habita
esse, cuja mão encerra
a criação infinita!
O pão nosso nesta lida
de cada dia nos dá...
hoje, e basta; a luz da vida
quem sabe o que durará!
E perdoa-nos, Senhor,
as nossas dívidas; sim!
Grandes são, mas é maior
essa bondade sem fim!
Assim como nós (se é dado
julgar-nos também credores),
perdoamos de bom grado
cá aos nossos devedores.
E não nos deixes, bom Pai,
cair nunca em tentação;
que o homem, por condição,
sem o teu auxílio cai!
Mas Tu, que não tens segundo,
mas Tu, que não tens igual,
dá-nos a mão neste mundo,
Senhor! Livra-nos do mal!
João de Deus de Nogueira Ramos (São
Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 Lisboa, 11
de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um
eminente poeta lírico, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o
proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha
Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda
utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um ‘’culto’’, sendo
ainda em vida objeto das mais variadas homenagens e, quando da sua morte,
sepultado no Panteão Nacional. Foi considerado o poeta do amor.
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