(De D. Maria de
Carvalho)
Quando tenhas um segredo
Não o digas a ninguém.
Como vão outros guardá-lo
Se tu não o guardas bem?
Não entendes o eu penso?
Já é pouco entendimento!
É tão fácil, pelos olhos,
Entender o pensamento!
Não entendo o que tu dizes,
Não entendo, tens razão.
Há coisas que só entendem
Se as entende o coração.
Já não tenho outra ventura
Senão ver-te atormentado.
Não te queixas, pois bem sabes
Que só tu és o culpado.
Não te posso fazer mal,
Mas, se pudesse, fazia.
A maldade é como o tempo,
Vai crescendo em cada dia.
Tens o coração de pedra...
Não me assusta, podes crer.
Uma pedra fere lume,
Se outra pedra lhe bater.
Cada dia tem aurora
- Sol de inverno ou sol de
agosto.
Só na alma de quem chora
É sempre, sempre sol-posto.
(Do Almanaque
Bertand, 1925)
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