sexta-feira, 11 de abril de 2014

Plantador de Sorrisos



(Curriculum Vitae)

Márcio Callais

Eu já dei risada até a barriga doer...
Já nadei até perder o fôlego...
Já chorei até dormir e acordei com o rosto desfigurado.
Já fiz cócegas na minha irmã...
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de bruxa.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés para fora.
Já passei trote por telefone!
Já tomei banho de chuva!
Já roubei beijo.
Já fiz confidências pro melhor amigo...
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da tigela de bolo...
Já me cortei fazendo a barba.
Já chorei ouvindo música.
Já tentei esquecer algumas pessoas,
mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas!
Já subi em árvore pra roubar fruta...
Já caí de bunda no chão.
Conheci a morte de perto, e agora anseio por viver cada dia.
Já fiz juras eternas...
Já escrevi no muro da escola...
Já chorei sentado no chão do banheiro...
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante...
Já saí pra caminhar sem rumo,
sem nada na cabeça, ouvindo estrelas.
Já corri para não deixar alguém chorando...
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado...
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar!
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro...  já tremi de nervoso...  já quase morri de amor...
Mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já apostei em correr descalço na rua!
Já gritei de felicidade... já roubei rosas num jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre...
Já deitei na grama de madrugada e vi a lua virar sol...
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos,
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas,
momentos fotografados pelas lentes da emoção,
guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
- Qual sua experiência?
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: Experiência, experiência...
Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência?
Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!



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