Poemas gauchescos
Gaúcho
João
Simões Lopes Neto
Eu não nasci para o mundo,
Para este mundo cruel.
Só quero cortar os Pampas,
No dorso do meu corcel
Este meu pingo galhardo,
Este meu pingo fiel.
Eu sou como a tempestade,
Sou como o rijo tufão,
Que esmaga os vermes na terra,
E sobe para a amplidão.
Eu sou senhor dos desertos,
Monarca da solidão!
O Tropeiro
Chico
Ribeiro
De pelo a pelo, sem visar
pousada,
Riscando o chão de todos os
caminhos...
Tropeiro que, depois de uma
arrancada,
Pede rodeio entre s rincões
vizinhos!
De laço aos tentos, de sinuelo à
frente,
Tranco seguro e olhos de quem
sonda,
De quem procura, e,
insistentemente,
Juntar a tropa que estourou na
ronda!
Assim eu venho pela vida a fora,
Sorvendo poeira, respirando
auroras,
Neste tranqüilo de vencer
distâncias...
Na esperança de achar nalgum
rincão,
‒ Inda que rasto, amigos da
ilusão,
Tropa das tropas que rondei na
infância!
Cuia
Apparício
Silva Rillo
Cuia morena queimada
confeccionada a lo bruto
rude cálice matuto
de amarguentas comunhões,
na tradição campechana
serves o vinho que irmana
dono de estância e peões.
Velho utensílio crioulo
da utilidade nativa,
que misturando saliva
no ritual dos chimarrões,
estarrece gente estranha
que não sabe que a campanha
não conhece convenções.
Quando em teu bojo recebes
a erva do chimarrão,
e da tua carnação
verde o sangue se desata,
me entristeço, imaginando,
que és um coração sangrando
por uma artéria de prata!
Retrato dos Pampas
Caramuru
Na fazenda crioula um galo canta
Acordando a gaúcha peonada;
Na coxilha o mugido da boiada,
Fala ao rebanho – é dia. Te
levanta!
Vem vindo o sol festivo,
sorridente.
Convidando o gaúcho à camperiada;
No zaino recorrendo à invernada,
Vai ele bem feliz e bem contente.
Vai dizendo à alfombra das
campinas,
De verdes promessas de
esperanças,
Beijadas pelas auras peregrinas:
Aqui, sou bem feliz sendo gaúcho,
Neste recanto onde o viver não
cansa, Longe das
multidões... longe do luxo!...
Todos os poemas soa muito bonitos
ResponderExcluir