sábado, 19 de abril de 2014

Poesia Jovem dos Anos 70



Amor de verdade

me dê sua mão
toque aqui
veja como está
sentiu?
acredita agora?

(Bráulio Tavares – SP)

para curar um amor platônico
só uma trepada homérica.

(Eduardo Kac – RJ)

Estabilidade

Vivemos como casal:
você trabalha demais,
me sustenta,
proíbe isso e aquilo,
exige a casa arrumada,
quer almoço à uma hora,
o jantar à sete e meia,
sobremesas variadas...
com teus caprichos concordo,
e por vingança, te engordo.

(Leila Miccolis – RJ)

Para Doxo

às vezes eu saio às ruas
e penso em você
entro nos grandes magazines da cidade
e compro você
sento nos botequins mais esbodegados
e bebo você
discuto os assuntos mais anárquicos
defendo você
faço as loucuras mais impossíveis
por amor a você
daí nós nos encontramos
e eu começo a pensar em mim.

(Ana Maria P. Franco de castro – BA)

Amor e Dor

Quanto mais você demora
mais me assalta.
Depois
não sei se quero o homem que me chega
ou o que me falta.

(Maria Rita Kehl – SP)

Personalidade

Minhas palavras
anoiteceram
buscando infiltrar
seus pensamentos
e quando eles
amanheceram
conversávamos loucamente
só eu...

(Réca Poletti – SP)

Teia

é um corre-e-corre,
risco & confisco,
jogo-de-vida, um porre.
é um tiro certeiro,
uma rixa, uma teima,
lesão clara, não queima.
é uma queda, um baque,
uma fera, um ataque,
ultra-refrega, uma guerra.

(Polito Alves - PB)

meu amigo de infância continua emagrecendo
fala depressa
diz que a vida tá difícil
que Mário continua exagerando
que ele vai à praia ali mesmo
enquanto a cerveja sobra no copo
alguma coisa sobra no papo
a noite apenas começa.

(Guilherme Mandaro – RJ)

Um dia pronto
bato na tua porta
atiro na tua cara
o meu amor
e desço esta ladeira
assoviando.

(Naysa Campos – MG)

Coisa assim pardas

Canário-da-terra, marreco, chinfrim
coisas assim, nome – Rita
coisas assim pardas, mestiças,
de pequeno porte, coisas de fibra
embora os jeitos desvalidos
coisas pardas vivas pulsantes
 um poema assim.

(Ângela Nelin – RJ)

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