Emílio
Menezes foi talvez o mais exímio de todos os humoristas na chamada “Gramática”
do humor verbal. Em “Prosopopeia da Pepa ao Pupo”, soneto totalmente elaborado
com a letra P, ele retrata uma notícia de 1904 que dizia que o Sr. Pupo de
Morais e Sra. Pepa Ruiz de Souza (esta última atriz dos teatros de revista)
andavam em negociações para arrendamento do mercado do Rio de Janeiro:
Parece
peta! A Pepa aporta à praça
E
pede ao Pupo que lhe passe o apito
Pula
do palco, pálida, perpassa
Por
entre um porco, um pato e um periquito.
Após,
papando em pé pudim com passa,
Depois
de peixes, pombos e palmito,
Precipite
por entre a populaça,
Passa,
picando a ponta de um palito.
Peças
compostas por um poeta pulha
Que
a papalvos perplexos empunha
Prestando
apenas pra apanhar os paios.
Permuta
a Pepa por pastéis, pamonha...
Que
a Pepa apupe o Pupo e à popa ponha
Papas,
pipas, pepinos, papagaios!
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(Do livro “Raízes do
Riso”, de Elias Thomé Saliba,
Companhia das Letras)
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