sábado, 12 de abril de 2014

Quadrinhas gaúchas



Os campos verdes se alegram
Quando veem o sol nascer;
Assim se alegram os meus olhos
Quando te chegam a ver.

La detrás daquele cerro
Vem vindo um bando de moças;
Com licença das mais velhas
Abraçarei as mais moças.

Coração como este meu,
Tão leal, não há nenhum;
Por estes pagos afora
Dum cento se tira um.

Eu, quando inda pequeno,
Cantava que retinia.
Eu cantava em Dom Pedrito
em Porto Alegre se ouvia.

Senhor dono da casa,
Eu sou muito pedinchão;
Mande me dar de beber,
Mas que seja um chimarrão.

Fortes braços farroupilhas
Nunca saber fraquear;
Hão de punir os tiranos.
Hão de a pátria libertar.

Bento Gonçalves da Silva
Da liberdade é o guia,
E herói porque detesta
A infame tirania.

Rita se chama Ritoca.
Sebastião chama Tatão.
Cavalo de andar é pingo.
Mate-amargo é chimarrão.

No bamburral da tristeza,
Passo o dia a suspirar,
Da querência tão distante,
Tudo é noite sem luar.

Sou filho do tigre mouro,
Neto do tigre pintado,
Me chamam de tira-cisma
De muitos tenho tirado.

Quero-quero vai voando
E os esporões vai batendo;
Quero-quero quando grita
Alguma coisa está vendo.

És branca como jasmim,
Colorada como a rosa;
Por teu amor eu daria
Uma terneira barrosa!

Quando pego no meu laço
Desde a ilhapa até a presilha.
Retine que nem um aço
Nas guampas de uma novilha!

Garibaldi ia passando,
No Continente parou.
Sua espada foi puxando
E ao combate se atirou.

Dia vinte de setembro,
Dia grato e soberano,
Será de eterna memória
A todo republicano.

Do livro:
Cancioneiro Gaúcho
de Augusto Meyer


Augusto Meyer

Porto Alegre, 24 de janeiro de 1902,
Rio de Janeiro, 10 de julho de 1970.





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