segunda-feira, 7 de abril de 2014

Querência é tudo o que eu tenho



Hugo Ramirez

Querência é tudo o que eu tenho,
O ranchinho onde eu nasci,
A vista da planície verde
Dos meus tempos de guri.

Baguais em pelo montados,
Tombos de prancha no chão,
Touro brabo atropelando
Em rodeio e apartação.

Crendices maravilhosas
Como outras iguais não há.
Assombração no Jarau,
Lobisime, boi-ta-tá...

Alma penada rondando
Por figueiras e umbuzais,
Negrinho do Pastoreio
Galopando nos baguais...

Churrascos todos os dias,
Antes da lida campeira,
E o chimarrão saboroso
Que torna a vida fagueira.

Correndo os anos, amores,
Peleias no partidor,
A chinoca e sinhazinha
Das serenatas de amor.

Depois de muito rolar,
Casar e sentar o juízo.
Quedar-se mirando o campo,
À sombra de um paraíso.

Doce prazer sem igual
Que me faz forte e feliz,
Como esses postes de cerca
Que pegam broto e raiz.

Eis a querência, o torrão,
Que o bom vaqueano palmilha,
Soprar do vento minuano
Corcoveando na coxilha...

Por onde quer que eu me vá,
Levo comigo o rincão,
Ronda de tropa ao ar livre
Pousando em meu coração.

Querência é tudo o que eu tenho,
O ideal que no peito eu trago,
O sangue da minha raça
E  alma imortal do meu pago!

Nenhum comentário:

Postar um comentário