O ilustre enfermo
O
Pancrácio enfermou. O que é aquilo
Que
ele sente, ninguém sabe explicar.
Chora
a família. Guarda-se sigilo,
Para
o resto do povo não chorar.
Vem
o doutor e diz: - “Fique tranqüilo!
Não
se assuste, que vou já receitar:
Fulminato
de sódio: - meio quilo,
Quatro
colheres antes do jantar”.
Com
a fórmula grandiosa do doutor,
O
bom Pancrácio transferiu o enterro,
Pois
já está bom e, de contente, pula.
Por
esse fato, que acabei de expor,
Eu
deduzo com lógica de ferro,
Que
um doutor não é burro se formula.
Meu fraque
No
guarda-roupa eu tenho um belo fraque,
Meu
traje predileto de passeio.
Quando
de tarde o visto, até receio
Que
a minha namorada se embasbaque.
Quando
me quero dar certo destaque,
Vai
aos bailes comigo e não faz feio.
Amigo
da miséria, resgatei-o
Duas
vezes foi ao bric-a-brac.
Um
fraque assim no mundo igual não há!
Parece
novo, pois ninguém dirá
Que
já cinqüenta invernos completou.
Esse
meu fraque fica-me tão justo.
Que
quando o visto, eu mesmo, às vezes, custo
Acreditar
que foi do meu avô...
§ § §
O homem cumprimentou o outro, no café.
− Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo.
− Não me recordo.
− Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos.
− Como me reconheceu?
− Pelo guarda-chuva.
− Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva...
− Realmente, mas eu tinha...
§ § §
O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe:
− Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se somos nós que
fazemos os deveres?
Nenhum comentário:
Postar um comentário