sexta-feira, 11 de abril de 2014

Súplica do Livro



Não me manuseie com as mãos sujas!
Não rabisque em minhas páginas!
Não me rasgue nem arranque as folhas!
Não apoie o cotovelo no texto durante a leitura!
Não me abandone sobre cadeiras ou noutros lugares impróprios!
Não me deixe com lombada para cima!
Não coloque entre as minhas páginas objeto algum que seja mais espesso que o papel.
Não dobre o canto das páginas para arcar o ponto em que parou a leitura. 
Use para isso um marcador apropriado.

Para reflexão

Na primeira noite
Eles se aproximam
E colhem uma flor
De nosso jardim
E não dizemos nada.

Na segunda noite
Já não se escondem:
Pisam as flores
Matam nosso cão
E não dizemos nada.

Até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Conhecendo o nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dizemos nada,
Já não podemos dizer nada.

Fragmento do poema

No Caminho, com Maiakovski

Eduardo Alves da Costa

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