1 Antonico, meu irmão Vou contar-te, meu amigo A triste vida que passo Sem afago e sem abrigo 2 Rebenqueado da saudade E esporeado da fortuna Para que tanto penar Se vida tenho só uma? 3 De meus trastes que ficarem Te reservo umas chilenas Que o bagual repeniquei Na frente de umas morenas 4 Minhas bolas, o meu laço Meu rebenque e tirador Destino àquele que for Bom gaúcho pealador 5 Na sepultura me ponhas Um letreiro colorado Para que o mundo leia: "Aqui jaz um desgraçado." (Augusto Meyer. Cancioneiro gaúcho.
Rio
de Janeiro, Editora Globo, 1952. Coleção Província, 2)
DOIS
EPITÁFIOS
No túmulo de uma moça: Dorme aqui, na sombria soledade Quem viveu sem viver! A flor mais bela Oh! vós que passais, deixai uma saudade! Auras da noite, suspirai por ela! (Lobo da Costa) No túmulo de um avô: Há vivos que já não vivem Dores que não têm conforto Nós as sentimos por ti Que vives estando morto! |
(J. Simões Lopes Neto.
Cancioneiro guasca; antigas danças, poemetos, quadras, trovas, dizeres, poesias
históricas, desafios. Porto Alegre, Editora Globo, 1954. Coleção Província, 6)
Nenhum comentário:
Postar um comentário