segunda-feira, 7 de abril de 2014

Textos de Almanaques


O carvalho e o Repolho

Enquanto Deus nos der um resto de alento, não há que desesperar da sorte do bem.
A injustiça pode irritar-se porque é precária.
A verdade não se impacienta porque é eterna.
Quando praticamos uma boa ação, não sabemos se é para hoje ou para quando. O caso é que seus frutos podem ser tardios, mas são certos.
Uns plantam o repolho para o prato de amanhã; outros a semente do carvalho para o abrigo do futuro. Aqueles cavam para si mesmos. Estes lavram para seu país, para a felicidade de seus descendentes, para o benefício do gênero humano.

Rui Barbosa

Anúncio de um Armazém em 1882

Damos a seguir a “versalhada”, estampada na “Gazeta do Porto Alegre” de 5 de janeiro de 1882, de propaganda de um comerciante porto-alegrense:

     Feijão, farinha,
     Banha, toucinho,
     Charque, costelas,
     Cerveja e vinho.

     Cocos de fruta,
     Queijos da Serra,
     Língua salgada,
     Cera da terra.

     Açúcar branco fino, a cruzado,
     A dezoito branco, baixo, muito bom,
     A trezentos e quarenta o mascavinho,
     A trezentos e vinte, o mascavão!

     Chá, marmelada,
     Manteiga em latas,
     E também tenho
     Boas batatas!

     Arroz com casca,
     Cevada e ervilha,
     Linhaça e mostarda,
     Canjica e lentilha.

     Feijão de muitas cores, por exemplo:
     Preto, branco, rajado e amarelo,
     Mamono, miudinho, carioca,
     Cavalo, da praia e mascarelo.


     Linguiça fresca,
     Doce de Lisboa,
     Muitos vinhos finos,
     Muita coisa boa!

     Tudo se vende
     Bem baratinho
     A quem trouxer
     O cobrezinho!

     E tudo o mais assim em relação.
     Quem quiser duvidar venha cá ver
     Ainda tenho farinha de mandioca
     Tão fina que igual nunca se viu!

     Venham fregueses
     Já sem demora,
     E não se esqueçam
     Nem uma hora.

     Torreão do mercado
     Número dois,
     Há de tudo isto
     Agora e depois!

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