terça-feira, 8 de abril de 2014

Tiradentes



O Primeiro Grande Mártir da Independência do Brasil

TIRADENTES (Joaquim José da Silva Xavier) (1746-1792), é considerado o grande mártir da independência do nosso país. Nasceu na Fazenda do Pombal, entre São José (hoje Tiradentes) e São João Del Rei, Minas Gerais. Seu pai era um pequeno fazendeiro. Tiradentes não fez estudos das primeiras letras de modo regular. Ficou órfão aos 11 anos; foi mascate, pesquisou minerais, foi médico prático. Tornou-se também conhecido, na sua época, na então capitania, por sua habilidade com que arrancava e colocava novos dentes feitos por ele mesmo, com grande arte. Sobre sua vida militar, sabe-se que pertenceu ao Regimento de Dragões de Minas Gerais. Ficou no posto de alferes, comandando uma patrulha de ronda do mato, prendendo ladrões e assassinos.

Em 1789 o Brasil-Colônia começava a apresentar algum progresso material. A população crescia, os meios de comunicação eram mais fáceis, a exportação de mercadorias para a metrópole aumentava cada vez mais. Os colonos iam tendo um sentimento de autonomia cada vez maior, achando que já era tempo de o nosso país fazer a sua independência do domínio português.

Houve então em Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais, uma conspiração com o fim de libertar o Brasil do jugo português e proclamar a República. Uma das causas mais importantes do movimento de Vila Rica foi a independência dos Estados Unidos, que se libertara do domínio da Inglaterra em 1776, e também o entusiasmo dos filhos brasileiros que estudaram na Europa, de lá voltando com idéias de liberdade.

Ainda nessa ocasião não era boa a situação econômica da Capitania de Minas, pois as minas já não produziam muito ouro e a cobrança dos impostos (feita por Portugal) era cada vez mais alta.

O governador de Minas Gerais, Visconde de Barbacena, resolveu lançar a derrama, nome que se dava à cobrança dos impostos. Por isso, os conspiradores combinaram que a revolução deveria irromper no dia em que fossem cobrados esses impostos. Desse modo, o descontentamento do povo, provocado pela derrama, tornaria vitorioso o movimento.

A conjuração começou a ser preparada. Militares, escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes tomaram parte nos planos de rebelião. Os conspiradores pretendiam proclamar uma república, com a abolição imediata da escravatura, procedendo à construção de uma universidade, ao desenvolvimento da educação para o povo, além de outras reformas sociais de interesse para a coletividade.

Uma das primeiras figuras da Inconfidência foi Tiradentes. O movimento revolucionário ficou apenas em teoria, pois não chegou a se realizar. Em março de 1789, o coronel Joaquim Silvério dos Reis, que se fingia amigo e companheiro, traiu-os, denunciando o movimento ao governador.

Tiradentes achava-se, nessa ocasião, no Rio de Janeiro. Percebendo que estava sendo vigiado, procurou esconder-se numa casa da rua dos Latoeiros, atualmente Gonçalves Dias, sendo ali preso. O processo durou 3 anos, sendo afinal lida a sentença dos prisioneiros conjurados. No dia seguinte, uma nova sentença modificava a anterior, mantendo a pena de morte somente para Tiradentes.

Tiradentes foi enforcado a 21 de abril de 1792, no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, arrasaram a casa em que morava e declararam infames os seus descendentes.

(Enciclopédia Ilustrada do Ensino Primário. São Paulo: Formar, 1973.p/53-55.)


Você sabia?

Þ Entre suas propostas, os inconfidentes previam a instalação da capital federal em São João Del Rey, Minas Gerais.

Þ Outra proposta: criar universidade em Vila Rica. O Brasil era carente e instituições de ensino superior.

Þ Em 1873, visando combater ideais republicanos, Joaquim Norberto de Souza Silva publicou História da Conjuração Mineira. Tratava Tiradentes como louco irresponsável que entrou no meio dos revoltosos e pôs tudo a perder. Por décadas foi a única fonte de informação sobre os inconfidentes.

Þ A cabeça de Tiradentes foi roubada na terceira noite. Nunca mais a encontraram.

Þ Alferes, do árabe al faris (o cavaleiro, o herói), era patente abaixo de tenente. A denominação foi substituída por segundo-tenente.

Þ Preocupados com o povoamento do país. A natalidade seria incentivada por meio de pensões para mães com muitos filhos.

Þ O escravo Jerônimo Capitânia, condenado à morte, aceitou prisão perpétua em troca da missão de carrasco oficial. O destino lhe reservou a tarefa de enforcar Tiradentes.

Þ Tomás Antônio Gonzaga, enquanto preso no Rio, escreveu um dos poemas de amor mais belos da nossa literatura. Marília de Dirceu, declaração a Maria Doroteia de Seixa.

Þ Grande parte dos quadros e gravuras representa Tiradentes de barba e cabelo compridos. Mas, militar, mantinha-os aparados. Talvez tenham crescido durante a prisão; mas no dia da morte estava careca e barbeado, como se fazia com os condenados.

Þ Joaquim Silvério dos Reis, perdoado da dívida de 220 mil-réis e salvo da condenação, foge para Portugal em 1794. Tentaram assassina-lo no Rio e em Minas. Foi condecorado como “Fidalgo da Casa Real em for e moradia” pelo príncipe-regente João VI. Fugindo de Napoleão, a corte vem para o Brasil em 1808. Silvério vem junto e assume um cargo administrativo.

Curiosidade:

Mano Décio da Viola, com penteado e Estanislau Silva, tinham que compor o samba-enredo para o Império Serrano, em 1949, homenageando Tiradentes. Eles apanham um livro de História e pesquisam, procurando palavras que rimem no referido samba. A primeira parte fica assim:

Exaltação a Tiradentes

Joaquim José da Silva Xavier
morreu a vinte de um de abril
pela Independência do Brasil,
foi traído e não traiu jamais
a Inconfidência de Minas Gerais.

Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes,
Foi sacrificado pela nossa liberdade,
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado.


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