O Primeiro Grande Mártir da Independência do Brasil
TIRADENTES (Joaquim José da Silva Xavier)
(1746-1792), é considerado o grande
mártir da independência do nosso país. Nasceu na Fazenda do Pombal, entre São
José (hoje Tiradentes) e São João Del Rei, Minas Gerais. Seu pai era um pequeno
fazendeiro. Tiradentes não fez estudos das primeiras letras de modo regular.
Ficou órfão aos 11 anos; foi mascate, pesquisou minerais, foi médico prático.
Tornou-se também conhecido, na sua época, na então capitania, por sua
habilidade com que arrancava e colocava novos dentes feitos por ele mesmo, com
grande arte. Sobre sua vida militar, sabe-se que pertenceu ao Regimento de
Dragões de Minas Gerais. Ficou no posto de alferes, comandando uma patrulha de
ronda do mato, prendendo ladrões e assassinos.
Em 1789 o Brasil-Colônia começava a
apresentar algum progresso material. A população crescia, os meios de
comunicação eram mais fáceis, a exportação de mercadorias para a metrópole
aumentava cada vez mais. Os colonos iam tendo um sentimento de autonomia cada
vez maior, achando que já era tempo de o nosso país fazer a sua independência
do domínio português.
Houve então em Vila Rica , atual cidade
de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais, uma conspiração com o fim de libertar
o Brasil do jugo português e proclamar a República. Uma das causas mais
importantes do movimento de Vila Rica foi a independência dos Estados Unidos,
que se libertara do domínio da Inglaterra em 1776, e também o entusiasmo dos
filhos brasileiros que estudaram na Europa, de lá voltando com idéias de
liberdade.
Ainda nessa ocasião não era boa a
situação econômica da Capitania de Minas, pois as minas já não produziam muito
ouro e a cobrança dos impostos (feita por Portugal) era cada vez mais alta.
O governador de Minas Gerais, Visconde
de Barbacena, resolveu lançar a derrama, nome que se dava à cobrança dos
impostos. Por isso, os conspiradores combinaram que a revolução deveria
irromper no dia em que fossem cobrados esses impostos. Desse modo, o
descontentamento do povo, provocado pela derrama, tornaria vitorioso o
movimento.
A conjuração começou a ser preparada.
Militares, escritores de renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes
tomaram parte nos planos de rebelião. Os conspiradores pretendiam proclamar uma
república, com a abolição
imediata da escravatura, procedendo à construção de uma universidade, ao
desenvolvimento da educação para o povo, além de outras reformas sociais de
interesse para a coletividade.
Uma das primeiras figuras da Inconfidência
foi Tiradentes. O movimento revolucionário ficou apenas em teoria, pois não
chegou a se realizar. Em março de 1789, o coronel Joaquim Silvério dos Reis,
que se fingia amigo e companheiro, traiu-os, denunciando o movimento ao
governador.
Tiradentes achava-se, nessa ocasião,
no Rio de Janeiro. Percebendo que estava sendo vigiado, procurou esconder-se
numa casa da rua dos Latoeiros, atualmente Gonçalves Dias, sendo ali preso. O
processo durou 3 anos, sendo afinal lida a sentença dos prisioneiros
conjurados. No dia seguinte, uma nova sentença modificava a anterior, mantendo
a pena de morte somente para Tiradentes.
Tiradentes foi enforcado a 21 de
abril de 1792, no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro. Seu corpo foi
esquartejado, sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica , arrasaram a
casa em que morava e declararam infames os seus descendentes.
(Enciclopédia Ilustrada do Ensino
Primário. São Paulo: Formar, 1973.p/53-55.)
Você
sabia?
Þ Entre suas propostas, os inconfidentes previam a
instalação da capital federal em São João Del Rey, Minas Gerais.
Þ Outra proposta: criar universidade em Vila Rica. O Brasil
era carente e instituições de ensino superior.
Þ Em 1873, visando combater ideais republicanos,
Joaquim Norberto de Souza Silva publicou História da Conjuração Mineira.
Tratava Tiradentes como louco irresponsável que entrou no meio dos revoltosos e
pôs tudo a perder. Por décadas foi a única fonte de informação sobre os
inconfidentes.
Þ A cabeça de Tiradentes foi
roubada na terceira noite. Nunca mais a encontraram.
Þ Alferes, do árabe al faris (o cavaleiro, o
herói), era patente abaixo de tenente. A denominação foi substituída por
segundo-tenente.
Þ Preocupados com o povoamento do país. A natalidade
seria incentivada por meio de pensões para mães com muitos filhos.
Þ O escravo Jerônimo Capitânia, condenado à morte,
aceitou prisão perpétua em troca da missão de carrasco oficial. O destino lhe
reservou a tarefa de enforcar Tiradentes.
Þ Tomás Antônio Gonzaga, enquanto preso no Rio, escreveu
um dos poemas de amor mais belos da nossa literatura. Marília de Dirceu,
declaração a Maria Doroteia de Seixa.
Þ
Grande parte dos quadros e gravuras representa Tiradentes de barba e cabelo
compridos. Mas, militar, mantinha-os aparados. Talvez tenham crescido durante a
prisão; mas no dia da morte estava careca e barbeado, como se fazia com os
condenados.
Þ Joaquim Silvério dos Reis, perdoado da dívida de
220 mil-réis e salvo da condenação, foge para Portugal em 1794. Tentaram
assassina-lo no Rio e em Minas.
Foi condecorado como “Fidalgo da Casa Real em for e moradia”
pelo príncipe-regente João VI. Fugindo de Napoleão, a corte vem para o Brasil
em 1808. Silvério vem junto e assume um cargo administrativo.
Curiosidade:
Mano Décio da Viola, com penteado e
Estanislau Silva, tinham que compor o samba-enredo para o Império Serrano, em
1949, homenageando Tiradentes. Eles apanham um livro de História e pesquisam,
procurando palavras que rimem no referido samba. A primeira parte fica assim:
Exaltação a
Tiradentes
Joaquim
José da Silva
Xavier
morreu
a vinte de um de abril
pela
Independência do Brasil,
foi
traído e não traiu jamais
a
Inconfidência de Minas Gerais.
Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes,
Foi sacrificado pela nossa liberdade,
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado.
Era o nome de Tiradentes,
Foi sacrificado pela nossa liberdade,
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado.
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