Um roceiro vem a São Paulo e cai nas garras de um espertalhão da pior espécie. Este o leva um dia a jantar num restaurante, onde comem à tripa forra; no fim, pretextando qualquer coisa, retira-se, deixando o caipira à sua espera.
Depois de muito tempo, como o
homem não volta e como lhe exigem o pagamento, o roceiro resolve explicar-se
com o gerente, declarando que fora convidado e que estava desprevenido; mas o
gerente não quer saber de nada, e impõe-lhe este dilema: ou paga, ou não sai.
O desventurado dá largas à sua
indignação contra o patife que o pôs naqueles assados, e, matutando, parolando,
acaba por afirmar que dará com o tal ali dentro, sem a maior demora, por meio
de uma mandinga que ele conhece. Pede uma agulha e um bom pedaço de linha.
Dão-lha. Dirige-se então à porta da rua, espeta a agulha na porta com a linha
enfiada e presa por um nó, pega na linha e vai-se afastando a pouco e pouco, a
esticá-la à medida que corre os dedos por ela, tudo isso debaixo de um ar de
concentração e mistério. Afinal, chegando a extremidade da linha, que teve o
cuidado de puxar para o lado da rua, dá um salto para fora e diz adeus ao
pessoal do restaurante.
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