sábado, 19 de abril de 2014

Um poema de Amado Nervo

En paz

Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida.
Porque veo al final de mi rudo camino

que yo fuí el arquiteto de mi propio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas
fué porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales, coseché siempre

Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno;
¡mas tu no me dijiste que Mayo fuese eterno!
...Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tú solo noches buenas;

y en cambio tuve algunas santamente serenas...
Amé, fuí amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos em paz!


Em paz

Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó vida,
porque nunca me deste esperança mentida,
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada,

que a minha sorte por mim mesmo traçada;
que, se extraí os doces méis ou o fel das cousas,
foi porque as adocei ou as fiz amargosas:
quando eu plantei roseiras, eu colhi sempre rosas.

Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno:
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Longas achei, confesso, minhas noites de penas;
mas não me prometeste noites boas, apenas,

e em troca tive algumas santamente serenas...
Fui amado, afagou-me o Sol. Para que mais?
Vida, nada me deves! Vida, estamos em paz!



Amado Nervo, pseudônimo de Juan Crisóstomo Ruiz de Nervo, (Tepic, Nayarit 27 de agosto de 1870 – Montevidéu, 24 de maio de 1919) foi um poeta mexicano.


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