(1890 – 1969)
Para castigar os que o censuravam em
suas crônicas de jornal o emprego frequente de palavras estrangeiras, o poeta
imaginou uma troça. Publicou um escrito, que ele próprio imaginou, em linguagem
antiga. E desafiou que seus críticos o entendessem. Dias depois, publicou o
texto-notícia, em linguagem atual e cheia de estrangeirismos.
A seguir, damos os dois textos, o
primeiro dos quais foi publicado a 25.04.1931 no jornal “O Estado de São Paulo”:
“...No
seu elegante castelete de plumeti viajado, perfeito ludambulo, o doutor Castro
Lopes repousava da grande concião onde, pregando o haurinxugo do pantanal
político, e fazendo o preconício da Constituinte, num discurso esplêndido, ora
estrepitoso como um runimal, ora repleto de suaves ancenúdios, provocara os
entusiasmos do venoplauso. Agora, o nosso herói acabava de despedir um
alvissareiro, que, tiritante sob o facale de lã, de lápis e choribel em punho,
viera entrevistá-lo. Era noite. Ouvia-se ainda, ao longe, o penilúdio da
populaça. O doutor Castro Lopes, vestindo o seu rocló de seda ornado de
trancelins e fofos de colméia, e assestando os nasóculos, todo reclinado, sob
lucivelo, numa poltrona coberta de toalhinhas de croquezinho, entregava-se
beatificamente aos trabalhos de premador. No seu cérebro agitado, de mistura
com as preocupações de postrídio, o doutor Castro Lopes premeditava um
ancivérbio com o seu próprio nome: o nobre apelo dos Castros feudais”...etc...
Leram, amigos? Entenderam? – Não?
Então recortem isso, guardem, e amanhã confrontem com a chave que parecerá aqui
mesmo.
E no dia seguinte vem a chave no
mesmo jornal
onde colaborava o poeta.
“...No seu elegante “chalet” de “parvenu” viajado, perfeito “teuriste”, o doutor Castro Lopes repousava do grande “meeting” onde, pregando o “drainage” do pantanal político, e fazendo o “reclame” da Constituinte, num discurso esplêndido, ora estrepitoso como uma “avalanche”, ora repleto de suaves “nuances”, provocara os entusiasmos da “claque”. Agora, o nosso herói acabava de despedir um “repórter” tímido, que tiritando sob o “chache-nez” de lã, de lápis e “cadernet” em punho, viera entrevistá-lo. Era noite. Ouvia-se, ainda, ao longe, o “charivari” da populaça. O doutor Castro Lopes, vestindo a sua “robe de chambre” de seda ornada de “soutaches” e “ruches”, e assestando o “pince-nz”, todo reclinado, sob o “abat-jour”, numa poltrona coberta de toalhinhas de “crochet”, entregava-se beatificamente aos trabalhos do “massagiste”. No seu cérebro agitado, de mistura com as preocupações do “lendemain”, o doutor Castro Lopes premeditava um “calembourg” com o seu próprio nome: o nobre apelido dos Castros feudais”...etc..
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