Paulo
Mendes Campos
Um
amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”.
Chatear é assim:
você telefona para um escritório qualquer na cidade.
− Alô! Quer me chamar por favor
o Valdemar.
−
Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga
de novo:
− O Valdemar, por obséquio.
− Cavalheiro, aqui não trabalha
nenhum Valdemar.
− Mas não é do número tal?
− É, mas aqui nunca teve nenhum
Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o
mesmo número:
− Por favor, o Valdemar já
chegou?
− Vê-se te manca, palhaço. Já
não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui!
− Mas ele mesmo me disse que
trabalhava aí.
− Não chateia!
Daí a dez minutos, liga de
novo.
− Escute uma coisa! O Valdemar
não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a
presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para
encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
− Alô! Quem fala? Quem fala
aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
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