terça-feira, 6 de maio de 2014

“Chatear” e “Encher

Paulo Mendes Campos


Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. 

Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer na cidade.

− Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar.

− Aqui não tem nenhum Valdemar.
                  
Daí a alguns minutos você liga de novo:

− O Valdemar, por obséquio.

− Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.

− Mas não é do número tal?

− É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.

Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:

− Por favor, o Valdemar já chegou?

− Vê-se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui!

− Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.

− Não chateia!

Daí a dez minutos, liga de novo.

− Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?

O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.

Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:

− Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?




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