Nada
O comercial que eu gostaria de
ver na TV. Um homem elegante, com dedos na posição de quem segura um cigarro
aceso, mas não segurando nada, olha para câmera e diz, sedutoramente:
“Há uma maneira mais inteligente
de cortar o alcatrão e a nicotina. Aqui está ele. O cigarro com os mais baixos
teores do mercado. Zero de alcatrão, zero de nicotina: Nada, o ultraleve.
Veja como ele é elegantemente
discreto. E que suavidade! Nada vem em todos os tamanhos imagináveis. Basta
você imaginar um tamanho. Fume Nada. A decisão inteligente do homem que sabe o
que não quer: câncer.
Nada. Este cigarro não existe...”
Luís Fernando
Veríssimo
Causo I
O poeta Vargas Neto costumava contar
o causo dum tal Andrino Sutil das Dores, um preto valentão, herói de muitas
revoluções e duelos. Forçado a uma cirurgia de certa gravidade, já estava na
mesa de operação, prestes a ser anestesiado, quando viu o médico aproximando-se
como o bisturi. Olhou para o médico e disse:
-
Doutor, esse vai ser em toda a minha vida o primeiro talho que não defendo!
(L.F Veríssimo, narrado
por Érico Veríssimo)
Quadrinhas populares
Andou de boca em boca por todo o
Brasil, quando assumia a governança de São Paulo, o então deputado Adhemar de
Barros, a seguinte quadrinha, que bem prova o espírito de malícia de seu autor:
Adão foi feito de barro,
de barro bom e batuta,
mas esse Adhemar de Barros,
que barro filha da puta!
Quadrinhas de sanitário público, eis
algumas:
Amigos, esta latrina
é de todas diferente:
a gente vem cagar nela
e ela caga na gente.
Numa patente da cidade de Passo
Fundo, num dos seus cafés mais centrais:
Tenho pavor dessa gente,
que de porco o gênio herda;
desse poeta indecente
que só se inspira na merda.
Causo II
Conta-se que num trem que vinha do
Rio para São Paulo, um passageiro entregou, petulantemente, ao condutor o seu
bilhete espetado na ponta de uma adaga, assim com um arzinho de provocação. O
condutor puxou da cintura um revólver, picotou o bilhete com dois tiros,
devolveu-o ao viajante e disse no mesmo tom:
- Eu
também sou de Bagé.
(L.F. Veríssimo,
narrado por Érico Veríssimo)
História do tempo da dita... dura
O seguinte diálogo teria cruzado os
ares do Atlântico Sul, entre o um navio da Marinha Mercante e o pessoal de
apoio em terra.
- Estamos à deriva e sem
comando. A situação é crítica. Há muita turbulência. Não sabemos quanto tempo
dará para aguentar a situação como está.
Ao que o
pessoal em terra teria respondido:
- Nós
também.
Descubra a mensagem
Um espião português enviou uma
mensagem cifrada pouco antes de ser preso, em forma de manchete de jornal
coladas numa folha.
Descubra a mensagem e por que o gajo foi
preso:
DOI-CODI GOZA DE
PRIVILÉGIOS.
PREFEITO ALCIDES COBERTO DE VAIAS.
NOVO RELÓGIO NO MERCADO ALFA ZERO.
SELERÇÃO DOOU TROFÉU.
Causo III
A mesa era farta e o visitante estava
com muita fome. Mas uma hora depois ele já estava estourando e a dona da casa
continuava insistindo.
- Coma
mais um pouquinho de canjica, seu Dorival.
Dorival se
recostou na cadeira esfregando a barriga com a manopla.
- Me
desculpe, comadre, mas já estou estupecfato.
L.F. Veríssimo
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