Conta-se que Agrippino Grieco, crítico literário temido pela língua afiada no
Rio de Janeiro dos anos 40 e 50, cortava o cabelo num salão do Meyer, onde
morava, quando foi instado pelo barbeiro, que o atendia há anos, a fazer o
prefácio de livro que ele escrevera.
O prefácio não posso, argumentou o
crítico; teria que ler o livro todo, o que é impossível para mim, que já tenho
em casa, à espera de leitura, originais de autores de todo o país. Então, tornou
o barbeiro, o Senhor poderia fazer ao menos o título. O título, pode ser, disse
Agrippino Grieco. E perguntou:
− Seu livro fala em trombones?
− Não.
− E em trombetas? Volveu Agripino.
− Também não.
− Então – concluiu o crítico,
aliviado –, aí está o título: “Sem trombones e sem trombetas.”
Churchill
combateu sozinho o nazifascismo, entre junho de 1940 (capitulação da França) e
junho de 1941 (invasão da União Soviética). Apesar de arcar com tamanha carga
de responsabilidade, nunca perdeu os senso de humor. Expressava-o sob as formas
mais variadas nas ocasiões mais diversas. Discursando no Parlamento, disse que
o ariano puro, o modelo da raça ideal por que o nazismo agredia o mundo e
tentava escravizá-lo, devia ser um homem “louro como Hitler, alto como Goebbels
e magro como Goering”.
Jânio
Quadros tinha fama de grande bebedor. A verdade é que nunca ninguém o viu
embriagado. Tinha resistência notável ao álcool, Pagou tributo, entretanto, à
versão. Não pôde evitar que o abordassem sempre para ligá-lo à bebida. À
medida, porém, que o fustigavam, ele reagia mais mal-humorado. Até que um
jornalista perguntou por que ele bebia whisky. Jânio disparou: “Bebo
porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia”.
A vivacidade mineira teve em José Maria Alckmin um expoente. Poucos o
superaram na resposta imaginosa, na “saída” esperta, na capacidade de escapar a
dificuldades no diálogo penoso. Ele encontrou um jovem jornalista de cujo pai
era amigo e perguntou: “E seu pai, como vai?“ Aparentemente, não se deixou
intimidar pela resposta constrangedora: “Meu pai morreu há um mês, deputado”
Alckmin retrucou, severo: “Morreu para você, que é um ingrato. Para mim, está
muito vivo, aqui no meu coração!” (e bateu forte, no peito).
1960. Viajando a Goiás em companhia
de Jânio Quadros, de quem era companheiro de chapa, com candidato à
vice-presidência da República, Milton
Campos participava da numerosa comitiva levada pelo avião, um Viscount,
de quatro motores, o avião mais seguro do começo da década. Mas como todas as
viagens pelo ar têm seu lado precário, o comandante se perdeu – e não
encontrava o rumo de Goiânia, enquanto o combustível escasseava. Houve instante
em que Milton ,
desconfortado, fez um movimento mais brusco, mexendo-se no assento. E a
aeromoça, atenta, para ser gentil, perguntou se ele estava sentindo falta de
ar. A resposta foi bem de Milton Campos: “Falta de ar? Não, minha filha, estou
sentindo falta de terra!”.
(É isso aí! – Humor VIP – Arnaldo Lacombe)
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