segunda-feira, 12 de maio de 2014

Histórias de velório



Sobrinho zeloso

Faleceu o Dr. Antenor, tio de Zé Mauro. Velório tenso. Sua tia, chorando, recebia os pêsames. Zé Mauro, consternado com a dor da tia, amparando-a, também recebia as condolências. Veio a noite. Veio a madrugada, e a viúva, vencida pelo cansaço, recostou-se e dormiu. Zé Mauro, então, aproximou-se do caixão e levou um susto. Lá estava, no pulso do morto, aquele Pathek Phillip que ele tanto admirava. Ficou na dúvida por quase uma hora, até que tomou a decisão de “aliviar” o pulso do tio de tão pesado relógio de ouro maciço. Mas o fecho de segurança emperrou e o Zé Mauro começou a ter trabalho para abri-lo. Nisso aparece a tia vendo o sobrinho quase dentro do caixão. Espantada, perguntou:
- Zé Mauro, o que estás fazendo?
Este, imperturbável, respondeu:
- Não é nada, tia. Eu só estou dando corda no relógio do tio.

Leva contigo...

Na hora de baixar o caixão para a cova, Zé Mauro resolveu dizer ao tio algumas palavras de despedida. Tirou o pigarro da garganta, olhou para os presentes, botou a mão no peito, e deu início ao seu discurso. Com palavras inflamadas de emoção, olhos cheios de lágrimas, Zé Mauro comovia a todos. De repente, ao baixar a cabeça em direção do buraco, a dentadura de Zé Mauro cai em cima do caixão. Zé Muro não se perturbou e saiu-se com esta pérola de retórica:
- Meu tio querido, leva contigo o meu último sorriso!

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