Sobrinho zeloso
Faleceu o Dr. Antenor, tio de Zé
Mauro. Velório tenso. Sua tia, chorando, recebia os pêsames. Zé Mauro, consternado
com a dor da
tia, amparando-a, também recebia as condolências. Veio a noite. Veio a madrugada,
e a viúva, vencida pelo cansaço, recostou-se e dormiu. Zé Mauro, então,
aproximou-se do caixão e levou um susto. Lá estava, no pulso do morto, aquele
Pathek Phillip que ele tanto admirava. Ficou na dúvida por quase uma hora, até
que tomou a decisão de “aliviar” o pulso do tio de tão pesado relógio de ouro
maciço. Mas o fecho de segurança emperrou e o Zé Mauro começou a ter trabalho
para abri-lo. Nisso aparece a tia vendo o sobrinho quase dentro do caixão.
Espantada, perguntou:
- Zé Mauro, o que estás
fazendo?
Este, imperturbável, respondeu:
- Não é nada, tia. Eu só
estou dando corda no relógio do tio.
Leva contigo...
Na hora de baixar o caixão para a
cova, Zé Mauro resolveu dizer ao tio algumas palavras de despedida. Tirou o
pigarro da garganta, olhou para os presentes, botou a mão no peito, e deu
início ao seu discurso. Com palavras inflamadas de emoção, olhos cheios de
lágrimas, Zé Mauro comovia a todos. De repente, ao baixar a cabeça em direção
do buraco, a dentadura de Zé Mauro cai em cima do caixão. Zé Muro não se
perturbou e saiu-se com esta pérola de retórica:
- Meu tio querido, leva
contigo o meu último sorriso!
* * * * *
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