Afinal, se as reuniões não dão em nada, para que
fazê-las?
Muita gente pergunta: “Para que serve
as reuniões?” É uma boa pergunta, e deve ser considerada antes da próxima
reunião.
As vantagens de resolver os problemas
em grupo são evidentes para os que trabalham – ou fingem trabalhar – na
indústria e no comércio. Reuniões satisfazem necessidades psicológicas
profundamente enraizadas e assim não podem ser vistas como mera frivolidade. A
saber, a reuniões criam oportunidades para:
‒ Consumir grandes
quantidades de cafezinhos e biscoitos à custa da empresa.
‒ Rever colegas que a gente
não via desde a reunião da véspera.
‒ Contar piadas.
‒ Inventar brincadeiras.
‒ Deitar falação.
‒ Se dar ares de
importância.
‒ Fazer os outros parecerem
sem importância.
‒ Escapulir da mesa de
trabalho.
‒ Botar banca de líder.
‒ Mostrar grandes conhecimentos sobre assuntos que a gente
ignora completamente e/ou inventar neologismos.
‒ Dar uma descansada.
‒ Dizer para as outras
pessoas que elas têm bloqueio mental.
‒ Reclamar (sobre a falta
de organização, incompetência empresarial, atraso de pagamento, excesso de reuniões
etc.)
‒ Ouvir das pessoas ideias
que podemos apresentar como nossas em futuras reuniões.
‒ Delegar
responsabilidades.
Esse último item é especialmente
importante, sendo por si só razão suficiente para marcar uma reunião. Altos executivos
sabem muito bem que é melhor ter uma porção de gente dividindo a mesma
responsabilidade do que confiá-la a um único indivíduo. Seu êxito na tarefa levaria à eventual demissão de todo mundo na
empresa, inclusive o presidente.
O pessoal reclama que nada, ou quase
nada se resolve nas reuniões. Eles não pegaram bem o espírito da coisa. A
principal finalidade de uma reunião é marcar outra, o maia breve possível e de
preferência sobre o mesmo assunto.
Ao delegar responsabilidade, é importante saber em quem jogar a culpa se algo der errado, o que quase sempre acontece. Deve-se ter sempre em mente que essa responsabilidade deve ser dirigida para longe e nunca para o delegante. Isso é conhecido como Regra da Mão Única e é obedecida por todos os executivos bem-sucedidos.
A pessoa mais indicada para
apontarmos um dedo acusador é a que ocupa a parte mais baixa no organograma.
Identificar o culpado como alguém numa
posição mais elevada que a sua (seu chefe, por exemplo) não é só é considerado
como falta de modos, mas como uma grande burrice. A menos que você tenha seu
currículo à mão, é um risco que não aconselhamos.
Sua imaginação é o limite para
descobrir o único responsável pelo seu ato. A recepcionista, por exemplo. Provavelmente
ela não vai estar na reunião para se defender. E, mesmo que estivesse não teria
a menor ideia do que você está falando. Ao acusá-la você terá também a
oportunidade de mostrar o lado humano do seu caráter, sua irreprimível
compaixão pelos desafortunados – outra prova de que você é feito de Matéria
Empresarial, durão, mas sensível. As frases seguintes, quando se referir à
culpada, dar-lhe-ão uma imagem positiva:
“Pobre coitada!”
“É muito jovem e inexperiente.”
“Não é uma pessoa de toda má.”
“Todos podemos nos enganar.”
“Errar é humano.”
“Pelo amor de Deus, ela é apenas
uma recepcionista!”
Se não houver recepcionista, tente in absentia a faxineira da noite.
Como dar ênfase ao
Trabalho de Equipe e não ao seu.
Nunca diga
Minha responsabilidade...
Meu...
Tem que ter minha assinatura...
Sou contra...
No meu modo de pensar...
Minha política tem sido...
Recomendo...
Aprovo...
Decido que...
|
Diga
Na nossa opinião...
A filosofia da nossa empresa recomenda...
Tem que passar pelo parecer dos presentes... Somos todos contra... Após muita reflexão... Os procedimentos usuais... Longe de mim fazer uma recomendação, mas... Vamos submeter à aprovação de todos... Vamos votar democraticamente... |
Durante uma reunião, você poderá
fechar seus olhos sem chamar a atenção. Seu
estado letárgico será interpretado como se você estivesse imerso em profunda
meditação. Em todo caso, olhos fechados são preferíveis a olhos vidrados.
Você só terá problemas se:
Dormir durante a reunião.
Roncar e acordar os outros.
Escorregar da cadeira e cair no chão.
Cair para frente e bater com a cabeça na
mesa.
Não tem problema se costuma falar
enquanto dorme. Ninguém vai notar a
diferença entre o que você fala dormindo ou acordado. Se sofrer de
sonambulismo, não se esquente a cabeça. Quando começar a se encaminhar pra a
porta, o pessoal vai pensar que você está indo ao banheiro.
O que dizer quando não tiver nada em mente
Não diga
Concordo.
Discordo.
Sim.
Não.
Inaceitável.
Aceitável.
|
Diga
Certamente que concordo.
Compartilhamos da mesma
opinião.
Estou contigo e não abro.
É por aí...
Tá dando para entender agora.
Sou forçado a discordar de você.
Minha opinião é diferente.
Eu não diria isso.
Não estou acompanhado
bem seu raciocínio.
Realmente.
Mas é claro.
É isso aí.
Acertou na mosca.
Podes crer.
Sim, sim, sim, sim.
De jeito nenhum.
Não pode ser.
Já considerou a possibilidade...
Mas nem de longe.
Não, não, não, não.
Quem dera que fosse possível
O problema aí é que...
Mao não a esta altura
Compreendo seu entusiasmo,
mas...
Boa ideia.
Eu assino embaixo.
É um caso a pensar...
Como é que eu não tinha
pensado nisso?
|
Do livro "Odeio reuniões", de Sthephen Baker
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