(... como poderia ser um pobre, um
negro, um índio...
ou qualquer pessoa que sofra qualquer
tipo de discriminação...)
“... Sou judeu. Então, um judeu não
possui olhos? Um judeu não possui mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afeições,
paixões? Não é alimentado pelos mesmos alimentos, ferido com as mesmas armas,
sujeito às mesmas doenças, curado pelos mesmos meios, aquecido e esfriado pelo
mesmo verão e pelo mesmo inverno que um cristão? Se nos picais, não sangramos?
Se nos fazeis cócegas, não rimos? Se nos envenenais, não morremos? E se vós nos
ultrajais, não nos vingamos? Se somos como vós quanto ao resto, somos
semelhantes a vós também nisso. Quando um cristão é ultrajado por um judeu,
onde coloca ele a humildade? Na vingança. Quando um judeu é ultrajado por um
cristão, de acordo com o exemplo cristão, onde deve ele colocar a paciência?
Ora essa, na vingança! A perfídia que me ensinais, eu a colocarei em prática e
ficarei na desgraça, se não superar o ensino que me destes.”
(“O Mercador de Veneza”, de William
Shakespeare)
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