segunda-feira, 5 de maio de 2014

Um plano genial

Barão de Itararé


Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio.

Joaquim Rebolão, porém, defendia-se com um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e idéias.

O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graças aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava.

Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.

À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:

- Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim.

Já estava todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta e exclama:

- Senhores, em vista da ausência do Senhor Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!

- E o filho? – perguntou-lhe um dos convivas.

- Está na porta – responde prontamente. E, voltando-se para o rapaz; ordena, autoritário e enérgico:

- Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?

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“Máximas e Mínimas do Barão de Itararé” – Editora Record





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