Barão de Itararé
Joaquim Rebolão estava
desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação
ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz
inexperiente que também estava no desvio.
Joaquim Rebolão, porém, defendia-se
com um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e idéias.
O seu cérebro, torturado pela
miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais,
graças aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o
destino cruel o torturava.
Naquele dia, o seu grude já estava
garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um
alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava
satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.
À hora marcada, porém, Rebolão,
acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia.
Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:
- Fica firme aqui na porta
um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no
festim.
Já estava todos os convidados
sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando,
ao começar o bródio, Rebolão se levanta e exclama:
- Senhores, em vista da
ausência do Senhor Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em
nome do Padre e do Espírito Santo!
- E o filho? –
perguntou-lhe um dos convivas.
- Está na porta – responde
prontamente. E, voltando-se para o rapaz; ordena, autoritário e enérgico:
- Entra de uma vez, menino!
Não vês que estes senhores te estão chamando?
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