segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Felicidade é Amor. Ponto Final



O título deste artigo não é meu. A frase é a conclusão de um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que começou em 1938. A pesquisa está entre as de mais longa duração da história e foi monitorada por cientistas de diferentes áreas.

Durante esses 75 anos, as vidas de 268 homens foram acompanhadas de perto. Ao longo do tempo, aspectos psicológicos e físicos, tipo de personalidade, QI, hábitos alimentares, relacionamento familiar e vários outros itens foram estudados nesses indivíduos.

As conclusões são chocantes justamente por serem bastante previsíveis. A primeira é o imenso poder destrutivo do alcoolismo. No grupo estudado, a bebida foi a maior causa de divórcios e está diretamente relacionada ao desenvolvimento de neuroses e depressão. Associada ao tabagismo, foi a principal causadora de doenças graves e morte. Óbvio, não é?

Outro achado: o grau de inteligência entre os homens que fizeram parte da pesquisa não teve relação com o sucesso financeiro de cada um. Indivíduos com QI 110 não foram menos bem-sucedidos, no geral, do que aqueles com QI 150. Sempre achei essa história de QI muito pouco significativa e incapaz de medir nossa capacidade de adaptação às situações que se apresentam ao longo da vida.

Posições políticas e ideológicas não são fator determinante para uma vida feliz, ainda de acordo com o estudo. O que os cientistas concluíram, e eles mesmos não sabem dizer por que, é que os conservadores encerram sua vida sexual mais cedo, em média aos 68 anos. Já os liberais ficam ativos – se é que você me entende – até os 80. Claro que a pesquisa foi realizada entre americanos, para quem ideologia e a escolha de um partido político têm tudo a ver. Mas não deixa de me parecer razoável, e deliciosamente irônico, que conservadorismo e baixo apetite sexual estejam diretamente relacionados.

A grande eureka da pesquisa, no entanto, é a correlação direta e poderosa entre uma vida feliz e o amor, principalmente na infância. Homens que tiveram relações afetivas saudáveis com suas mães são mais felizes na terceira idade. E o são porque reproduziram outras relações calorosas e intensas na maturidade. Ou seja, quem aprende a amar reproduz o amor. E felicidade é basicamente… amor. Uma emoção que se reflete em todos os aspectos da vida.

Entre os pesquisados, aqueles que tiveram uma primeira infância amorosa ganhavam salários mais altos do que os demais, qualquer que tenha sido a profissão que tenham escolhido exercer. Além disso, eram os que menos apresentavam sinais de demência numa idade avançada.
E foram, ainda, os que mais se declararam felizes.

A pesquisa consumiu 20 milhões de dólares durante esses 75 anos. Um preço baixo a pagar se pudéssemos aplicar suas conclusões num país como o Brasil. Por falta de informação ou de tempo, muitas mulheres ainda acreditam que ser mãe é basicamente alimentar, garantir saúde e segurança aos filhos. Ser mãe é muito mais do que isso. É interagir, abraçar, sonhar com eles. Amar é mais importante do que prover. Como disse o pesquisador George Vaillant, que dirigiu o estudo por mais de 30 anos, “felicidade é amor. Ponto final”.


Ana Paula Padrão, jornalista e empresária

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