Talvez uma das coisas mais legais
nas poesias infantis seja a associação lúdica entre imagem e palavra. Isso fica
mais evidente para mim quando penso no livro “Ou isto, ou aquilo” de Cecília
Meireles. Se eu fosse fazer uma seleção das melhores poesias que já li,
colocaria o texto “O Mosquito Escreve” entre elas. Não pela profundidade, mas
pela inventividade.
O Mosquito Escreve
O
Mosquito pernilongo
trança
as pernas, faz um M,
depois,
treme, treme, treme,
faz
um O bastante oblongo,
faz
um S.
O
mosquito sobe e desce.
Com
artes que ninguém vê,
faz
um Q,
faz
um U e faz um I.
Esse
mosquito esquisito
cruza
as patas, faz um T.
E
aí, se arredonda e faz outro O,
mais
bonito.
Oh!
já
não é analfabeto,
esse
inseto,
pois
sabe escrever o seu nome.
Mas
depois vai procurar
alguém
que possa picar,
pois
escrever cansa, não é, criança?
E
ele está com muita fome.
Sonhos da menina
A
flor com que a menina sonha
está
no sonho?
ou
na fronha?
Sonho
risonho:
O
vento sozinho
no
seu carrinho.
De
que tamanho
seria
o rebanho?
A
vizinha
apanha
a
sombrinha
de
teia de aranha...
Na
lua há um ninho
de
passarinho.
A
lua com que a menina sonha
é
o linho do sonho
ou
a lua da fronha?
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